Novas ferramentas para usuários com perda auditiva

Os aparelhos auditivos de última geração fazem muito mais do que amplificar sons: eles utilizam inteligência artificial para “entender” o ambiente e se adaptar automaticamente. Em 2025, uma das novidades é o processamento de som por IA, que ajusta o volume e filtra ruídos conforme você caminha pela rua, faz uma trilha silenciosa ou conversa no telefone. Esses dispositivos aprendem com seus hábitos e personalizam cada experiência auditiva, identificando frequências e volumes que você tem mais dificuldade para ouvir.

Outra inovação é a inclusão de um chip neural nos aparelhos, chamado Neuro Sound Technology 2.0, que separa a fala do ruído de forma semelhante ao cérebro humano, melhorando significativamente a compreensão de palavras. Os modelos atuais também oferecem:

  • Conectividade sem fio avançada: o padrão Bluetooth® Low Energy permite transmitir chamadas e músicas do smartphone com baixo consumo de bateria. Esses aparelhos se conectam a celulares Android ou iPhone, smart‑TVs e assistentes de voz, possibilitando chamadas viva‑voz e streaming de áudio de vários dispositivos ao mesmo tempo.
  • Baterias recarregáveis e sustentabilidade: muitos aparelhos usam baterias de longa duração e materiais ecológicos, eliminando o desperdício de pilhas.
  • Teleaudiologia e ajustes remotos: hoje é possível ajustar o aparelho pela internet com ajuda do audiologista. O usuário recebe suporte à distância e não precisa aguardar semanas por uma consulta.
  • Sensores integrados: alguns modelos medem passos, analisam o equilíbrio e detectam quedas. Se o usuário cair, o aparelho envia um alerta para contatos de emergência. Os sensores também permitem monitorar a atividade física e até realizar testes de equilíbrio pelo celular.
  • Aplicativos inteligentes: apps específicos possibilitam ajustar volume, trocar modos de escuta, localizar o aparelho e até traduzir idiomas em tempo real. A interação com smartphone amplia a independência do usuário.

Para saber mais sobre esses recursos, confira o artigo da clínica American Ear que detalha os avanços em aparelhos auditivos, incluindo IA, sensores, Auracast e aplicativos.

Imagem: Aparelho auditivo moderno exposto sobre um suporte branco.

Sistemas de escuta assistida

Mesmo com aparelhos inteligentes, muitos lugares apresentam ruído excessivo ou acústica ruim. Os dispositivos de escuta assistida (ALDs) surgem para fornecer som claro em situações específicas. Eles oferecem amplificação extra em casa ou em locais públicos, sem substituir os aparelhos auditivos. Exemplos:

  • Telefones e televisores amplificados – aumentam o volume de chamadas ou da TV sem distorções.
  • Microfones remotos – pequenos transmissores que enviam a voz do interlocutor diretamente ao aparelho auditivo via Bluetooth, reduzindo o barulho ao redor.
  • Dispositivos de alerta – despertadores vibratórios ou campainhas com luz piscante ajudam quem não escuta alarmes e sons do dia a dia.
  • Aplicativos e smartwatches – muitos apps transformam o celular em um “microfone” ou fornecem legendas em tempo real.
Imagem: Mulher grava um palestrante com o celular com legendas durante uma transmissão ao vivo.

Sistemas em ambientes públicos

Locais como teatros, igrejas ou cinemas precisam de sistemas que transmitam o som diretamente para os usuários. A legislação de acessibilidade obriga a instalação de um dos seguintes sistemas:

  • Laços de indução (hearing loops): utilizam campos magnéticos para transmitir o áudio diretamente ao aparelho auditivo com telecoil, eliminando ruídos. É o sistema preferido por muitos usuários e é importante pedir ao audiologista a ativação da telecoil.
  • Sistemas FM/DM: enviam o som por radiofrequência ou ondas digitais para receptores individuais, muito usados em escolas.
  • Sistemas infravermelhos: transmitem por luz infravermelha e exigem linha de visão; comuns em salas de cinema.
  • Auracast™: nova tecnologia Bluetooth que permite a uma fonte de áudio (como uma TV do aeroporto) transmitir som para inúmeros dispositivos compatíveis. Ainda em fase de implantação, ela promete substituir sistemas FM e loops tradicionais, mas poderá demorar alguns anos para se tornar padrão.

Os ALDs e sistemas de escuta não substituem os aparelhos auditivos; eles complementam a audição, reduzem a fadiga ao ouvir e promovem inclusão. Informe-se sobre a disponibilidade desses sistemas em locais que frequenta e peça ajuda ao seu audiologista para ativar as opções no seu aparelho.

Imagem: Homem com aparelho auditivo conversa com uma mulher na rua.

Aplicativos e ferramentas digitais

Os smartphones se tornaram ferramentas poderosas para quem tem perda auditiva. Há aplicativos que transcrevem falas, medem o nível de ruído e até enviam alertas de segurança:

  • Transcrição de fala: apps como Google Live Transcribe (Android) e Speechy (iOS) transformam a voz em texto em tempo real e permitem traduzir para outros idiomas. O Otter.ai grava reuniões e gera transcrições multiusuário.
  • Correio de voz em texto: o Rev Voice Recorder e o YouMail transcrevem mensagens de voz e podem bloquear chamadas indesejadashealthyhearing.com.
  • Amplificadores de volume: apps como Max Volume Booster e Sound Amplifier aumentam o volume do som ambiente, mas devem ser usados com cuidado para evitar dano auditivo.
  • Medição de ruído: o NIOSH Sound Level Meter (iOS) e o SoundPrint (iOS/Android) medem o nível de decibéis de ambientes e indicam bares ou restaurantes mais silenciosos.
  • Alertas de segurança: o aplicativo My SOS Family envia mensagens com sua localização para contatos de emergência em caso de queda ou incidente.
  • Teste de audição: o Mimi Hearing Test realiza um teste auditivo preliminar pelo celular.
  • Transmissão de áudio de TV: o Tunity usa visão computacional para sincronizar o áudio de uma TV sem som com o smartphone, enviando‑o por Bluetooth ou telecoil ao aparelho auditivo.

Essas ferramentas digitais complementam os aparelhos auditivos e proporcionam maior autonomia. Para uma lista completa de aplicativos, consulte o artigo da Healthy Hearing.

Imagem: Pessoa segura um celular com o aplicativo Google Live Transcribe exibindo legendas automáticas na tela.

Inteligência artificial e tendências futuras

A inteligência artificial (IA) é a força motriz de muitas inovações na acessibilidade auditiva. Ela permite que os aparelhos e sistemas tenham “inteligência” para entender padrões de som, adaptar‑se e até prever necessidades. As principais tendências incluem:

  • Adaptação em tempo real: os aparelhos com IA analisam o ambiente e ajustam automaticamente o ganho, reduzindo ruídos e destacando a fala.
  • Aprendizado de máquina: dispositivos que “aprendem” as preferências do usuário e personalizam a experiência com base em sensores de movimento e posição da cabeça. O objetivo é que o som seja natural e sem intervenção manual.
  • Monitoramento de saúde: sensores nos aparelhos registram passos, atividade física e podem detectar quedas. Outros recursos incluem detecção de equilíbrio, testes de audição e integração com aplicativos de bem‑estar.
  • Conectividade e controle remoto: integração com smartphones permite ajustar o aparelho via aplicativo, transmitir áudio via Bluetooth LE e receber suporte remoto do audiologista. A compatibilidade com casas inteligentes permite controlar assistentes como Alexa e Google Home.
  • Tradução e reconhecimento de voz: alguns aparelhos e apps já oferecem tradução em tempo real e legendas automáticas para facilitar conversas em outro idioma.
  • Auracast e transmissão coletiva: o novo padrão Auracast permitirá que lugares públicos transmitam áudio direto para vários usuários, eliminando a necessidade de equipamentos individuais. A adoção será gradual, com previsão de amadurecimento ao longo da próxima década.
  • Sustentabilidade: a tendência de usar materiais ecológicos, baterias recarregáveis e designs discretos busca tornar os aparelhos mais sustentáveis e confortáveis.
  • Integração com realidade virtual e chips dedicados: pesquisadores estudam recursos como feedback inteligente, experiências imersivas em realidade aumentada e chips de IA integrados para processamento mais rápido.

A acessibilidade auditiva está avançando rapidamente graças a tecnologias como IA, sensores, novas plataformas de transmissão e aplicativos. Essas inovações tornam a vida das pessoas com perda auditiva mais segura, integrada e confortável. Se você ou alguém próximo utiliza aparelhos auditivos, converse com um profissional de audiologia sobre essas novidades e verifique quais recursos podem ser ativados no seu dispositivo. Acompanhar as tendências permitirá aproveitar melhor os sons do mundo e viver com mais confiança.