Tecnologias assistivas facilitam o dia a dia no ambiente de trabalho

As ferramentas garantem às pessoas com deficiência mais autonomia, qualidade de vida e inclusão social 

As tecnologias assistivas surgiram nos últimos anos com o objetivo de ampliar as habilidades de comunicação, audição, visão, locomoção e integração social de pessoas com deficiência. No contexto corporativo, além de reduzirem os obstáculos presentes no local de trabalho, elas garantem mais independência e qualidade de vida, tornando possível o que antes parecia impossível de ser feito.

As ferramentas englobam desde um simples andador, lupa ou bengala até um complexo software que trabalha com inteligência artificial. Também é possível encontrar uma série de serviços que envolvem a utilização de tecnologias assistivas e abrangem profissionais de diferentes áreas, como fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, engenharia, design, fisioterapia, entre outras. 

Hoje em dia, o sucesso das empresas é diretamente proporcional ao seu compromisso com a implementação de iniciativas de inclusão. Portanto, as organizações que investem em tecnologias assistivas para facilitar a rotina de trabalho de colaboradores com deficiência aumentam a produtividade e o engajamento dos funcionários, consolidam o seu relacionamento com o público interno e geram mais valor para o negócio.

O que é tecnologia assistiva?

O termo assistive technology, ou tecnologia assistiva, na tradução para o português, foi criado em 1988 e é um importante elemento jurídico da legislação norte-americana, conhecida como Public Law 100-407, que compõe, com outras leis, o American with Disabilities Act (ADA). 


De acordo com o conceito do Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), a tecnologia assistiva “é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida”.

Para facilitar a organização dessa área de conhecimento e a promoção de políticas públicas, ela foi classificada em 11 categorias diferentes:

  1. auxílios para a vida diária e prática;
  2. comunicação alternativa ou aumentada (CAA);
  3. recursos de acessibilidade ao computador;
  4. sistemas de controle do ambiente;
  5. projetos arquitetônicos para acessibilidade;
  6. órteses e próteses;
  7. adequação postural;
  8. auxílios de mobilidade;
  9. auxílios para cegos ou para pessoas com visão subnormal;
  10. auxílios para pessoas com surdez ou déficit auditivo;
  11. adaptações em veículos.

A tecnologia assistiva foi instituída como política pública no Brasil somente em 16 de novembro de 2006, pela portaria nº 142 do Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), estabelecido pelo Decreto nº 5296, no âmbito da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

Tecnologias assistivas que fazem a diferença nas empresas

Para potencializar a capacidade das pessoas com deficiência, foram criadas diversas tecnologias assistivas que garantem sua independência e inclusão no ambiente de trabalho. 

Na lista abaixo, é possível conferir alguns exemplos de recursos que facilitam a participação de colaboradores com deficiência e permitem uma rotina mais eficiente.

VLibras

O VLibras é um conjunto de ferramentas gratuitas e de código aberto que traduz automaticamente conteúdos digitais, nos formatos de texto, áudio e vídeo, em português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ele torna a web mais acessível para as pessoas surdas e pode ser usado em computadores, smartphones e tablets.

Entre as ferramentas do VLibras, destaca-se a WikiLibras, plataforma colaborativa que permite aos usuários sugerir novos sinais da Libras, corrigir sinais existentes e revisar a tradução de frases.

O VLibras é resultado de uma parceria entre o Ministério da Economia (ME), por meio da Secretaria de Governo Digital (SGD), e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com a participação do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAVID)

Livox

Presente em 24 países e disponível em mais de 25 idiomas, o Livox é o primeiro aplicativo de comunicação alternativa com inteligência artificial para tablets. Criado por Carlos Pereira, analista de sistemas e pai de Clara, que tem paralisia cerebral, o software possibilita autonomia na comunicação de pessoas com qualquer tipo de deficiência. 

Com um simples toque na tela, a ferramenta permite que os usuários expressem emoções, aprendam a ler e escrever, indiquem o que querem comer, assistir ou escutar e interajam com outras pessoas por meio de cartões de comunicação, com vídeos, imagens, textos e música.

Pulseira detectora de obstáculos

A Sunu Band é uma pulseira que informa a existência de obstáculos próximos ao usuário com deficiência visual ou que estão se aproximando dele, em um raio de 50 cm a 5 m. Assim, ela garante maior autonomia, mobilidade e segurança ao caminhar, tanto em ambientes fechados como abertos. 

O produto apresenta sensores integrados que detectam objetos terrestres e aéreos, evitando pequenos acidentes que podem acontecer durante o processo de deslocamento no local de trabalho, por exemplo. Como ele é um recurso complementar, não deve ser substituído pela bengala, muleta ou pelo cão-guia.  

Além disso, a pulseira oferece diversas funcionalidades, como o contador de passos, o relógio inteligente, que informa o horário por meio de vibrações ou voz, bem como uma bússola integrada, que possibilita ao usuário se localizar e encontrar a direção certa do destino escolhido. 

Certificação Guiaderodas

As empresas e empreendimentos que consideram a acessibilidade um diferencial estratégico para seus negócios podem participar do processo de Certificação Guiaderodas, que consiste em um programa que reconhece as melhores práticas de acessibilidade e inclusão. Estão elegíveis à certificação edifícios comerciais, escritórios, galpões logísticos e shoppings centers, tanto em fase de projeto como em operação.

O processo para a obtenção da certificação atende um conjunto rigoroso de critérios de acessibilidade e abrange quatro eixos: ambientes, colaboradores/atendimento, governança e comunidade. Ele dura em média 12 meses e, após esse período, é entregue um relatório de impacto com os resultados e a descrição das boas práticas de acessibilidade e inclusão desempenhadas pelo local. 
No Guia da Certificação Guiaderodas, é possível obter informações mais detalhadas sobre o processo de certificação, incluindo a metodologia aplicada, os critérios adotados para cada etapa prevista e os benefícios em geral.


Carina Melazzi

Carina Melazzi
Jornalista e produtora de conteúdo. Gosta de contar histórias e é apaixonada por viagens, montanhas e mar.

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