Rampa de Acessibilidade: como construir?

rampa de acessibilidade

Existem três formas para se vencer um desnível: através de rampas de acessibilidade, escadas ou elevadores

Para ser acessível, uma edificação de uso público deve promover o acesso utilizando no mínimo duas dessas formas. Neste artigo, vamos falar sobre Rampa de Acessibilidade.

Por definição, rampa é um piso com 5% ou mais de inclinação.

Na hora do projeto, construir uma rampa de acessibilidade pode ser um dos grandes desafios para o arquiteto, considerando não apenas os fatores técnicos, mas também estéticos. Afinal, as rampas de acessibilidade não precisam ter sempre a mesma “cara”. Tomamos como exemplo a rampa metálica executada no acesso principal da Biblioteca Mário de Andrade em São Paulo, que repousa sobre a escada do edifício original com um belo design.

Muitas pessoas acreditam que basta executar uma rampa para garantir acessibilidade, mas nem toda rampa é acessível, há critérios para isso.

A NBR 9050/2015, norma que trata da acessibilidade em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, traz duas tabelas: A Tabela 6 que define para rampas uma inclinação máxima de 8,33% e a Tabela 7 que permite inclinações maiores para situações excepcionais.

O cálculo de uma rampa se resume à uma fórmula muito simples, onde a inclinação dada em porcentagem (i) é a razão entre a altura (h) e o comprimento da rampa (c).

i= (h x 100)/c

Qual é a Inclinação ideal para uma rampa de acessibilidade?

rampa de acessibilidade

Se sua resposta foi 8,33%, ela está parcialmente correta. É preciso também se levar em conta qual a altura do desnível a ser vencido e qual o número de segmentos necessários.

Mas por que 8,33%? De onde vem este número?

Este número representa a razão 1/12, ou seja, a cada 12m de rampa, podemos subir 1m de altura. Porém, percorrer os 12m nessa inclinação exige grande esforço, principalmente para cadeirantes. Nesse caso, para se vencer 1m de altura com um único segmento de rampa, a inclinação deverá estar entre 5% e 6,25%. Se tiver 8,33% de inclinação, a rampa deverá ser executada em dois segmentos com um patamar para descanso. 

Já a tabela 7 da NBR 9050 traz a possibilidade de se adotar rampas com inclinações maiores, mas com grandes restrições quanto à altura a ser vencida. Para se ter uma ideia, uma rampa com 12,5% de inclinação vence apenas 7,5cm de desnível. Simplificando, quanto mais suave a inclinação da rampa, maior a altura que ela poderá vencer. 

Mesmo desníveis bem pequenos, como aqueles entre 5mm e 20mm, podem representar um grande obstáculo, então mesmo nesses casos deve-se promover o acesso com uma rampa, mas esta poderá ter até 50% de inclinação. Há também situações onde se aplicam outros parâmetros, como rampas de palcos, plateias, praias e piscinas, que podem inclusive adotar um modelo de rampa móvel.

Se a rampa for em curva, ela deve ter um raio mínimo de 3m medidos no perímetro interno, além de respeitar a inclinação máxima de 8,33%.

Largura Correta

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É muito comum as pessoas dizerem que a largura correta de uma rampa de acessibilidade deve ser de 1,20m, mas não é bem isso que a ABNT mostra. 

A largura de 1,50m permite que duas cadeiras de rodas se cruzem ou andem lado a lado, sendo esta a medida mínima recomendável. A largura de 1,20m é admissível, mas apenas quando 1,50m for impraticável. Sendo assim, o que determinará a largura ideal de uma rampa é o fluxo de pessoas que a utiliza.

Como calcular o Patamar de uma rampa

rampa de acessibilidade

Nos patamares, a largura mínima deve ser de 1,20m, mas caso haja mudança de direção, este deve ter a largura da rampa. O patamar é uma superfície plana, mas pode apresentar uma inclinação transversal, desde que não exceda 2 % em rampas internas e 3 % em rampas externas.

Outros elementos devem compor uma rampa acessível, para garantir segurança e autonomia ao usuário, como por exemplo, as guias de balizamento, corrimão, guarda-corpo e sinalização.

Guias de balizamento

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Quando não houver paredes laterais, as rampas devem incorporar guias de balizamento. Estas evitam que a rodinha da cadeira saia da rota. Elas podem ser executadas em alvenaria ou outro material, desde que respeitem uma altura mínima de 5cm. Na biblioteca Mário de Andrade, a guia de balizamento foi executada com o mesmo perfil do corrimão metálico.

Corrimão e Guarda-Corpo

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Corrimão e Guarda Corpo são coisas distintas e a presença de um não exclui a necessidade do outro. A altura do guarda-corpo é determinada em instruções normativas do Corpo de Bombeiros. Em rampas, os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados e em duas alturas, a 92cm e a 70cm, medidos do piso acabado à sua geratriz superior. Devem ter seção circular com diâmetro entre 30mm e 45mm para permitir uma boa empunhadura. Podem também ter seção elíptica, desde que a dimensão maior seja de 45mm e a menor de 30mm. Embora não sejam recomendados, são admitidos outros formatos para o corrimão, mas sua parte superior deve atender a estas condições.

Na hora de escolher o material do corrimão, deve-se evitar materiais abrasivos ou reflexivos e cantos vivos que possam ferir o usuário.

O corrimão deve ser executado sem interrupção, ter acabamento recurvado e prolongar-se 30cm nas extremidades, sem interferir nas áreas de circulação. Esse prolongamento é a medida necessária para que a pessoa dê um passo a mais em segurança, antes e depois de vencer o desnível.

Sinalização Tátil no piso

Elementos táteis são relevos instalados no piso que orientam pessoas com deficiência visual, servindo para alertar sobre obstáculos ou apontar o caminho. Mudanças de nível, como escadas e rampas devem ser sinalizadas com piso tátil de alerta. 

Em rampas, os elementos táteis devem ter entre 25 e 60 cm de largura, optando-se por esta última, em locais de tráfego intenso como metrôs e plataformas de embarque. Rampas com inclinação inferior a  5 % não precisam ser sinalizadas. 

Nos patamares, cabe aos corrimãos contínuos orientar a circulação, portanto não se instala piso tátil de alerta em patamares, salvo se houver elementos interrompendo ao menos um dos corrimãos ou quando o comprimento do patamar for superior a 2,10m. Pela mesma razão, se houver elementos direcionais conduzindo a pessoa com deficiência visual até a rampa de acessibilidade, este não deve seguir seu percurso sobre a superfície inclinada.

É muito comum a adoção de elementos táteis em cor neutra, para não chamarem muito a atenção, mas isso é um erro. Tais elementos são destinados não apenas a pessoas cegas, mas também a pessoas de baixa visão, por isso o contraste com o piso adjacente é importante.

Sinalização Tátil no corrimão

De forma a complementar a sinalização tátil no piso, também os corrimãos devem ter sinalização com caracteres em relevo e em Braille, identificando o pavimento. Essa sinalização deve ser instalada na geratriz superior do prolongamento horizontal do corrimão. Na parede, a sinalização deve ser visual e, opcionalmente, tátil.

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