O Comitê Paralímpico Brasileiro apresentou os uniformes que serão utilizados pela delegação do país e que foram feitos pensando na acessibilidade
No dia 24 de agosto, terá início os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020. E para celebrar a marca de 100 dias para o maior evento esportivo do mundo, o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) apresentou os uniformes que serão utilizados pela delegação do país e que foram feitos pensando na acessibilidade.
O enxoval, que contém 120 peças, foi desenvolvido pela própria equipe de design do CPB, com o foco voltado para atender diretamente as necessidades das deficiências dos atletas paralímpicos que vão em busca de medalhas no Japão.
“Foi um desafio grande produzir os uniformes, porque não só pensamos na beleza estética e conforto técnico para competir. Ainda mais com atletas com deficiências diferentes. Para que sentissem orgulho de vestir o uniforme do Brasil, fizemos conversando com eles, que fizeram parte do processo desde o início”
explicou Alberto Martins, diretor técnico do CPB.
Entre os recursos de acessibilidade incorporados como acessórios está, por exemplo, um zíper, que será uma espécie de “puxador ergonômico”. Ele possibilitará o manuseio confortável e autonomia aos atletas que possuem limitação motora ou articular nas mãos. Já as calças possuem uma abertura lateral na barra para facilitar a passagem da prótese para os atletas amputados de membros inferiores.
“Os uniformes fizeram parte do meu processo de aceitação da minha própria deficiência. A gente dá esperança e é inspiração para outras crianças com deficiência. Estou ansiosa para receber o meu kit e ir para os Jogos Paralímpicos buscar uma medalha”
destacou a campeã parapan-americana no lançamento de dardo Raíssa Machado, que nasceu com má-formação nas pernas.
Além disso, os produtos da linha passeio, que vai contemplar todos os atletas da delegação brasileira, possuem agora uma etiqueta interna com braille (sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão) para que deficientes visuais identifiquem as cores.
“As etiquetas em braile são um grande diferencial nesta coleção. Com certeza, vai dar mais autonomia para os atletas com deficiência visual. Geralmente, eu tinha que pedir para o meu guia me auxiliar no momento de me arrumar. Agora, vou conseguir preparar o uniforme sozinha”
avaliou a paranaense Lorena Spoladore, que perdeu a visão devido ao glaucoma congênito.
Os atletas paralímpicos do Brasil vestirão os novos uniformes na cerimônia de abertura dos Jogos de Tóquio 2020. A participação brasileira no Japão vai contar também com o apoio das Havaianas, com três modelos clássicos da marca.
Uniformes Anteriores
Por fim, vale lembrar que nas edições dos Jogos de Londres 2012 e do Rio 2016, a fornecedora de material esportivo do CPB era a Nike, mas o contrato com a empresa terminou em 2017. Desde então, a entidade se encarregou de produzir as próprias peças, começando em 2019 para os Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019, em que as primeiras adaptações foram implementadas. Além disso, os uniformes da delegação brasileira em Tóquio não serão comercializados.
Modalidades Classificadas
O Brasil já tem 178 vagas em 14 modalidades garantidas nos Jogos de Tóquio. A expectativa é que o país seja representado por 230 competidores (150 homens e 80 mulheres).
Saiba mais sobre esportes paralímpicos
Fernanda Zalcman
Jornalista, curiosa por natureza e apaixonada por fazer a diferença. Encontrou no esporte um propósito: inspirar e dar voz à histórias e pessoas que por vezes estão escondidas. Porque todos importam e merecem espaço!
Uma resposta