Escola para todos: programa global revela práticas inovadoras e inclusivas na educação

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Como criar uma “escola para todos”? O programa Escolas 2030 foi idealizado para desenvolver iniciativas educacionais em 10 países, incluindo o Brasil

O que é uma “escola para todos”? Em Manaus (AM), a Escola Municipal Professor Waldir Garcia mostra que a educação integral é capaz de transformar a vida e o futuro dos estudantes a partir de práticas mais humanizadas e acolhedoras. A unidade oferece Ensino Fundamental I, da primeira à quinta série, a mais de 200 crianças, entre elas, meninos e meninas com deficiência.

Devido aos resultados obtidos, a instituição tornou-se uma das organizações escolhidas pelo programa Escolas 2030, criado para identificar e desenvolver práticas inovadoras de educação para crianças e adolescentes em 10 países: Brasil, Afeganistão, Índia, Paquistão, Portugal, Quênia, Quirguistão, Tajiquistão, Tanzânia e Uganda. No total, são 100 escolas por país, que atuam como “laboratórios de inovação”, envolvendo 50 mil professores e 500 mil alunos pelo mundo.

Escolas 2030

O programa Escolas 2030, lançado no início de 2020, ajuda os governos locais a alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4), que determina assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. A previsão de duração do projeto é de 10 anos.

No Brasil, a iniciativa é implementada por meio de uma parceria entre Ashoka, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e Itaú Social. As diretrizes da comunicação e engajamento das organizações educativas são desenvolvidas pela Cidade Escola Aprendiz.

As 100 instituições que integram o programa no país foram selecionadas de acordo com os cinco critérios definidos pelo Ministério da Educação (MEC), em 2015, no âmbito da iniciativa do Mapa da Inovação e Criatividade na Educação Básica e, depois, incorporados pelo Movimento de Inovação na Educação — gestão, currículo, ambiente, metodologia e intersetorialidade. Ademais, são unidades públicas ou comunitárias e atendem populações em vulnerabilidade social.

O grande objetivo é que todo o conhecimento gerado por meio do programa torne ainda mais fortes as organizações participantes. Assim, elas podem atuar como pontos de propagação e influência sobre as redes de ensino e políticas públicas de educação.

Escola Municipal Professor Waldir Garcia

Localizada em São Geraldo, bairro pobre da capital do Amazonas, a Escola Municipal Professor Waldir Garcia é considerada uma das melhores da cidade, com nota 7,5 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), de 2019.

Mais do que uma instituição de ensino, a escola atua como um centro de encontro e articulação para com a comunidade em que está situada. Um dos pontos fundamentais é o acolhimento de toda a diversidade de alunos com suas particularidades, como imigrantes do Haiti e da Venezuela.

No caso de meninos e meninas com deficiência ou em situação de vulnerabilidade, a equipe observava que eles tinham mais dificuldades de aprendizado e, consequentemente, um índice alto de evasão escolar. Mas a realidade desses grupos transformou-se a partir do momento em que a unidade adotou o modelo da atual gestão.

Na instituição, cada estudante recebe acompanhamento de um tutor em toda a vida escolar, com contato lado a lado para ser possível identificar possíveis dificuldades ao longo dos anos e promover um desenvolvimento integral de suas competências. Além disso, os alunos participam da criação de roteiros de estudos e as salas são compostas por mesas redondas, nas quais cabem até seis crianças.  

Em vez do sistema tradicional de médias e reprovação, as próprias crianças fazem uma autoavaliação e atribuem uma nota pelo seu desempenho. Depois, a decisão é avaliada com colegas e professores em um conselho escolar.

Com o aumento da carga horária de permanência estudantil, a gestão criou oficinas de capoeira e dança, e atividades culturais no contraturno. E não parou por aí. Seu espaço também foi aberto aos finais de semana para incluir a comunidade ao redor, com sessões de cinema, eventos na biblioteca e a disponibilidade de uso da quadra para esportes e brincadeiras.Quer conhecer mais sobre o programa global e entender como é uma “escola para todos”? Confira o site da iniciativa e conheça as organizações educativas participantes no Brasil e no mundo.


Heloisa Aun

Heloisa Aun

Jornalista e estudante de Letras na USP, trabalha desde o início da carreira com a temática dos direitos humanos e meio ambiente. Nos últimos anos, idealizou campanhas de combate ao assédio sexual e à violência doméstica. Também atua na área de educação em organizações e projetos sociais.

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