Talentos com Deficiência como Fonte de Vantagem Competitiva

Empregar pessoas com deficiência pode melhorar significativamente uma organização.

Nos últimos anos, diversas empresas têm priorizado a diversidade, equidade e inclusão (DEI). Contudo, as iniciativas de DEI frequentemente focam mais em gênero e etnia, deixando de lado as pessoas com deficiência, o que resulta em disparidades no ambiente de trabalho. Por exemplo, no Reino Unido, a taxa de emprego para pessoas com deficiência é de apenas 53%, comparada a 81% para aquelas sem deficiência.

A contratação de pessoas com deficiência é frequentemente vista como uma responsabilidade social, mais adequada para organizações sem fins lucrativos ou do setor público. Essa percepção é equivocada e uma oportunidade desperdiçada. Empresas inovadoras em diversas indústrias estão demonstrando que a inclusão de pessoas com deficiência pode levar a uma vantagem competitiva e lucratividade a longo prazo.

Um estudo realizado pela Dra. Luisa Alemany da London Business School indica que a inclusão de pessoas com deficiência pode proporcionar uma vantagem competitiva de quatro maneiras: (1) Deficiências muitas vezes conferem talentos únicos que são benéficos para determinados trabalhos; (2) A presença de funcionários com deficiência pode elevar a cultura organizacional, tornando-a mais colaborativa e produtiva; (3) Uma reputação de inclusão melhora a proposta de valor para os clientes, que tendem a construir relacionamentos de longo prazo com a empresa; (4) Ser reconhecida como socialmente responsável oferece uma vantagem na competição por capital e talento.

Deficiências frequentemente acompanham habilidades únicas. Pesquisadores como Simon Baron-Cohen, da Universidade de Cambridge, encontraram fortes ligações entre autismo e aptidão para tarefas que exigem atenção aos detalhes. Empresas como Auticon relatam que consultores autistas são hábeis em reconhecer padrões, tornando-os excelentes em identificar correlações e interdependências em grandes volumes de dados.

Grandes corporações como SAP, HP e EY têm recrutado neurodiversos para funções específicas como controle de qualidade e cibersegurança. O serviço de inteligência britânico, por exemplo, emprega pessoas com dislexia para analisar dados de vigilância, devido à sua habilidade excepcional em detectar anomalias.

Outras deficiências também estão ligadas a talentos únicos. No shopping Gran Estación, em Bogotá, funcionários com deficiência física demonstram habilidades superiores em atendimento ao cliente. Além disso, equipes de segurança compostas por pessoas com deficiência auditiva ou em cadeiras de rodas têm mostrado maior eficácia na prevenção de crimes.

Empresas que empregam pessoas com deficiência frequentemente relatam uma cultura mais colaborativa. Tal cultura não só é uma fonte de vantagem competitiva, mas também difícil de ser imitada. A presença de funcionários com deficiência pode inspirar colegas a desenvolver atitudes mais cooperativas, como observado na cervejaria La Trappe, na Holanda.

Uma Pesquisa com a AESE, na Espanha, indicou que 88% dos profissionais de RH concordaram que a cultura interna de suas empresas melhorou significativamente após a contratação de pessoas com deficiência.

O emprego de pessoas com deficiência pode ser um diferencial significativo na proposta de valor de uma empresa para os clientes. A cadeia de cafés holandesa Brownies&downies, que emprega pessoas com síndrome de Down, é um exemplo. Os clientes valorizam não só o produto, mas também o processo de produção e quem o realiza.

Empresas que contratam pessoas com deficiência se tornam mais atraentes para investidores focados em ESG (ambiental, social e governança). Investimentos em ESG têm crescido rapidamente, ultrapassando US$ 41 trilhões em 2022 e projetados para alcançar US$ 50 trilhões até 2025. A diversidade de funcionários é um fator relevante nessas decisões de investimento.

Contratar pessoas com deficiência adiciona uma dimensão valiosa à proposta de valor de uma empresa. É crucial que essa prática seja genuína, pois se percebida como mera estratégia de relações públicas, pode ter um efeito contrário. Implementada de forma sincera, a contratação de pessoas com deficiência pode atrair mais clientes com deficiência e seus familiares, aumentando a base de clientes recorrentes.

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Fonte: Alemany, L. (2023). “Hiring Disabled Workers Can Improve Your Culture and Your Bottom Line”. Harvard Business Review.

Confira o vídeo da DO-IT, um centro que capcita pessoas com deficiência através da tecnologia.

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