Disponíveis na plataforma Itch.io, os games simulam situações diversas do cotidiano e contribuem para o processo de tomada de decisão
Os jogos digitais são grandes aliados no desenvolvimento e na socialização de crianças e jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para ajudar esse grupo a compreender o mundo de maneira lúdica, alunos do curso de Engenharia e Jogos Digitais, da Universidade Veiga de Almeida (UVA), no Rio de Janeiro, criaram quatro games acessíveis para jogadores de diferentes idades.
De maneira geral, os jogos simulam diversas situações do dia a dia de pessoas autistas, contribuindo para o processo de tomada de decisão de crianças e jovens e fornecendo ferramentas para que professores e familiares consigam garantir o apoio necessário a esse grupo.
Disponíveis na plataforma Itch.io, os games foram desenvolvidos em um período de quatro meses, a partir de pesquisas, entrevistas, testes e validações. A criação de cenários e narrativas e a escolha das cores e do design de todos os jogos foram pensadas especialmente para facilitar a compreensão de pessoas autistas.
Jogos inclusivos
Desenvolvido pelos alunos Daniel Porto, Bernardo Barcelos e Juliana Gomes, o jogo “Guardião Enri” estimula a conscientização em relação às práticas de bullying e mostra a importância de estabelecer um diálogo com os professores. Ele foi desenvolvido nos programas Illustrator e Construct e é voltado para crianças de 5 a 7 anos.
O jogo “A grande aventura de Ronaldo” foi criado por Yan Gabriel Telles, com o objetivo de ajudar pessoas autistas a superar os próprios problemas. Desenvolvido na plataforma RPG Maker e indicado para maiores de 10 anos, o game apresenta três desafios, que incluem o toque, o barulho e a autoridade. Se o jogador não conseguir solucionar os problemas, é possível recomeçar a ação para concluir o aprendizado.
O “Memory Game” foi idealizado pelos alunos Lucas Moura Silva, Pedro Vinícius e Kai Paiva, para estimular sensações positivas, por meio de desenhos e cores específicas. Indicado para crianças de 5 a 10 anos, o jogo apresenta uma única fase, com 18 cartas que estimulam a memória.
Criado pelos alunos Arthur Dias, Carlos Magno e Felipe Cipriano, o jogo “O pequeno mundo de Rai” é recomendado para jovens de 14 anos e tem o objetivo de mostrar que os autistas não são limitados e podem exercer diversas atividades. Ele conta com fases ambientadas na obra “Uma noite estrelada”, de Van Gogh, e explora bastante o efeito das cores.
Transtorno do Espectro Autista
De acordo com o Ministério da Saúde, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento, caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social e padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
Pela primeira vez, o censo demográfico, que deve ocorrer entre os meses de junho e agosto de 2022, vai quantificar as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. Estima-se que existam 2 milhões de pessoas com autismo no país, mas como esse número não é oficial, em 2019, foi sancionada a Lei nº 13.861, que obriga o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a incluir questões sobre o TEA no censo populacional.
Dessa forma, será possível saber quantas pessoas apresentam o transtorno e como os diagnósticos estão distribuídos pelas regiões brasileiras. Esse novo panorama sobre o autismo na população brasileira pode contribuir com o aumento da visibilidade desse grupo e com a elaboração de políticas públicas eficientes.
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Carina Melazzi
Jornalista e produtora de conteúdo. Gosta de contar histórias e é apaixonada por viagens, montanhas e mar.