Quando planeja uma viagem, quais critérios você usa para escolher o equipamento de locomoção que vai levar?
(Legenda da foto: Quando é possível, Laura opta por alugar scooter na cidade de destino)
Neste post, te mostro como é importante pensar a respeito. Vem comigo?
Que equipamento você usa?
No dia a dia, nós, que temos alguma deficiência de locomoção, usamos um ou mais equipamentos adequados às nossas atividades.
Assim, uns optam por órtese (aparelho ortopédico), alguns usam muletas canadenses, outros andador. Também há os que optam por cadeira de rodas manual, motorizada ou scooter. Os que usam prótese podem precisar de bengalas ou muletas para caminhar… Felizmente há muitas ajudas técnicas à disposição.
Entre os usuários, há os que, como eu, utilizam mais de um meio de locomoção, dependendo das circunstâncias. Por exemplo, pode-se optar pela órtese para as atividades cotidianas, e cadeira de rodas (manual ou motorizada) para percorrer distâncias maiores…
Para viajar, é útil escolher um ou dois equipamentos, de acordo com as condições que iremos enfrentar.
Por exemplo, viajar de cadeira motorizada é ótimo quando não temos força ou resistência para tocar a cadeira por longa distância. Ou, também, quando nosso acompanhante não tiver condições de nos auxiliar nas diversas situações, como subir uma ladeira.
Sim, é preciso pensar nisso, porque, afinal, dificilmente teremos como levar todos os equipamentos que utilizamos.
Já vou te explicar tudo detalhadamente, portanto nem gaste seu tempo ficando assustado, hein? Afinal, este post é para sua viagem ficar melhor, não para causar ansiedade! rs
Por que não posso levar todos os equipamentos?
Antes de falarmos sobre como escolher o equipamento para viajar, preciso te dizer que, numa viagem aérea, não dá para ficar levando o que não for absolutamente necessário.
Primeiramente, porque, quanto mais itens levarmos, mais os processos ficam lentos.
Fica mais demorado despachar a bagagem na ida, retirá-la quando chegar ao aeroporto de destino e até mesmo conseguir táxi em que caiba tudo que estivermos levando, incluindo as pessoas e as malas, é claro.
Além disso, sempre há risco de extravios e danos.
Limite de bagagem
Mas há ainda outro fator. No Brasil, a companhia aérea deve transportar gratuitamente a ajuda técnica empregada para a locomoção do passageiro, limitada a uma peça. Por exemplo, não pagamos pelo transporte da nossa cadeira de rodas.
A companhia aérea está, portanto, autorizada a cobrar pelo transporte do segundo equipamento, e daí por diante, a não ser que o outro equipamento esteja dentro do limite de bagagem. Esse limite muda de acordo com a categoria da passagem aérea que você adquirir. Atualmente, as companhias aéreas têm considerado o limite de 10kg na classe econômica para viagens nacionais. Acima disso, já pagamos taxas extras.
Porém, se sua bagagem ultrapassar o limite da franquia, a companhia aérea deve oferecer desconto de, no mínimo, 80% no valor cobrado pelo excesso de bagagem.
Mas atenção: isso vale exclusivamente para o transporte de ajudas técnicas ou equipamentos médicos indispensáveis ao passageiro. Outro lembrete: vale apenas para o Brasil.
Portanto, caso vá fazer uma viagem internacional, a norma será válida em qualquer companhia aérea na qual você embarcar em solo brasileiro. E será válida também para o retorno, desde que você adquira ida e volta na mesma companhia (ou companhia parceira), e na mesma compra.
Em solo estrangeiro, valerão as regras de cada país.
Como escolher qual equipamento levar?
Recomendo que, antes de escolher, avalie os prós e contras de cada equipamento, a fim de optar pelo mais adequado às situações. Não é uma operação simples, já que todos têm prós e contras.
Para ter mais chance de escolher bem, leve em consideração: chegada e saída do aeroporto, circulação no aeroporto, incluindo ida ao banheiro, e, por fim, suas necessidades durante os passeios que fará.
- Se pretende viajar de scooter ou cadeira motorizada, tenha em mente que esses equipamentos oferecem conforto para se locomover por longas distâncias. Poupam sua energia e evitam dores musculares.
Porém, é preciso considerar que, na maioria dos aeroportos, não há transporte adaptado (táxi, automóvel por aplicativo, metrô ou ônibus). Como você vai chegar até o hotel, ou ir para casa, no retorno da viagem?
Além disso, dependendo do tamanho da scooter ou da cadeira motorizada, pode ser que não entre nos banheiros, nem nos elevadores e nem mesmo nos ônibus.
- Se seu equipamento não é desmontável, isso pode vir a se transformar em dor de cabeça caso necessite pegar táxi ou automóvel por aplicativo.
- A cadeira manual oferece diversas facilidades. Além de ser mais leve que um equipamento motorizado, é mais provável que caiba em elevadores, banheiros e porta-malas. Por outro lado, dificulta a vida de quem precisa se locomover por distâncias maiores ou lugares com declividade.
- Por fim, pode ser que você tenha optado por usar órtese, muletas canadenses e cadeira de rodas. Então, talvez valha a pena levar tudo.
De modo geral, nesse caso, as operadoras aéreas não consideram que estamos levando mais de um equipamento, desde que a órtese esteja no corpo. Se não, ela será considerada bagagem e será preciso despachá-la.
Porém, não se esqueça de que, quando estiver usando a cadeira, alguém terá que carregar as muletas, ou então será necessário algo para prendê-las à cadeira.
Se você não for cadeirante, mas tiver a mobilidade reduzida
Pode ser que você tenha a mobilidade reduzida por ser idoso ou gestante, por ter fraturado um membro ou em decorrência de patologia neuromuscular.
Se for o caso, poderá solicitar à companhia aérea (no momento da compra do bilhete aéreo, ou após, por telefone) o empréstimo de uma cadeira de rodas para facilitar seu percurso dentro do aeroporto. Muitas vezes as distâncias a serem percorridas são longas demais, e você pode evitar esse desgaste, já que as normas autorizam.
Além disso, locar uma cadeira de rodas manual ou motorizada no destino de viagem pode evitar dores e cansaço.
Outros equipamentos
É possível que você necessite transportar outros equipamentos além da cadeira de rodas. É o caso, por exemplo, de cadeira higiênica ou guincho para transferência.
Para esses itens também valem as regras que mencionei acima, com relação a limite de bagagem e descontos.
Em tudo, vale considerar a relação entre custo e benefício. Mas há algo que nunca muda: se o equipamento é imprescindível para seu bem-estar e segurança, então não há o que decidir. O valor do transporte deve entrar na planilha de investimentos que você fará com a viagem.
Não encare como custo, combinado? Coloque junto com outros itens dos quais não se pode abrir mão, como comida e bebida.
Se a viagem for de automóvel próprio, pode ser que você tenha espaço para levar a casa toda! Hahaha
Quando viajo com meu carro, levo também a roda Freewheel, que é ótima para passear com cadeira de rodas em terrenos acidentados, estrada de terra, gramado e até areia, desde que não seja muito fofa.
Outras possibilidades de resolver a questão
Talvez seu equipamento motorizado lhe pareça a melhor opção, mas você teme precisar utilizar o banheiro do aeroporto e não conseguir entrar.
Então, uma alternativa é solicitar à companhia aérea o empréstimo de cadeira de rodas manual para uso no aeroporto. Porém, não se esqueça de que as cadeiras oferecidas são as mais simples do mercado e não oferecerão o conforto e o bem-estar da sua.
Ainda quero te lembrar que, em algumas cidades estrangeiras, é possível locar scooters, cadeiras motorizadas e cadeiras higiênicas de qualidade. Pesquise e reserve com antecedência, porque a demanda pode ser grande. No Brasil, ainda não encontrei bons equipamentos para locação. Se você tiver alguma referência, deixe nos comentários!
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Até a próxima!!
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Laura Martins
Cadeirante e vive em Belo Horizonte. Gosta tanto de viajar que criou o blog Cadeira Voadora a fim de compartilhar experiências de viagem com acessibilidade. Segundo ela, seu objetivo é deixar asas na porta das pessoas, para criarem coragem e começarem a “voar”. Também trabalha com consultoria e palestras, a fim de que a tão desejada “cidade para todos” seja um dia algo tão corriqueiro que nem chame mais atenção.