Como tornar a acessibilidade na comunicação mais eficaz?

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Ferramentas como closed caption facilitam o acesso à informação para profissionais e telespectadores com deficiência

Quando falamos sobre acessibilidade, automaticamente vem à sua mente um local com rampas, elevadores ou piso tátil, certo? Porém, vai muito além disso. A acessibilidade é a forma mais importante de incluir uma pessoa com deficiência na sociedade. Isso vai desde como ela transitará pelas ruas, até a forma como se comunica com as outras pessoas. Mas e a acessibilidade na comunicação?

Portante, ainda hoje há algumas dúvidas referente ao sistema Braile e a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Imagina quão constrangedor seria para uma pessoa surda tentar se comunicar, por exemplo, em um restaurante e ao invés de ser recepcionada por um intérprete de Libras, receber um cardápio em Braile.

Isso vale para todas as áreas. Por lei, veículos de comunicação devem garantir que suas informações cheguem até à pessoa com deficiência com maior facilidade possível. Um bom exemplo disso é o uso de audiodescrição, legendas em telejornais e possibilidade de leitura do conteúdo através do portal de notícias on-line.

Para os jornais digitais, um recurso viável é a utilização do Hand Talk. Produzido por brasileiros, o aplicativo abre uma janela com um personagem que traduz textos e áudios que estão na página para a língua de sinais.

Jornalistas com deficiência

O maior objetivo do jornalismo é transmitir informações de modo imparcial, ignorando qualquer diferença, seja de classe social, raça, gênero, sexo, etnia ou crença. Por isso, o jornalismo é uma ferramenta extremamente importante para dar voz às minorias, àqueles que não estão frequentemente na grande mídia e que através da imprensa deveriam conseguir expor suas lutas e reivindicar seus direitos.

Por outro lado, há uma contradição: ao mesmo tempo em que é uma das profissões mais democráticas do mundo, ainda deixa a desejar na política de inclusão. A grande maioria das reportagens em vídeo não tem tradução em Libras ou audiodescrição. E mesmo o acesso às redações muitas vezes é precário, com ausência de rampas, elevadores e banheiros específicos para deficientes.

Case novela “Viver a Vida”

Na novela escrita por Manoel Carlos, a protagonista Luciana – interpretada por Alinne Moraes – foi inspirada na jornalista Flávia Cintra, na época contratada como repórter do Fantástico. Flávia ficou tetraplégica aos 18 anos e é conhecida por sua militância pelas causas das pessoas com deficiência, especialmente os comunicadores.

Algumas empresas, inclusive de comunicação, já estão se adaptando para receber pessoas com deficiência ao fornecer a opção de home office àqueles que não puderem se deslocar ao escritório físico com facilidade. 

Recursos que auxiliam na acessibilidade televisiva

Closed caption

O closed caption é uma legenda ativada através do controle remoto que permite que pessoas com deficiência auditiva acompanhem a programação da TV. Por meio da escrita, esse recurso reproduz a fala e outros sons presentes, como palmas, risos, passos, músicas etc. Nos programas gravados, o telespectador lê o texto que aparece no teleprompter (aparelho acoplado à filmadora que mostra o que o apresentador deverá ler).

Já nas transmissões ao vivo, temos a estenotipia e o reconhecimento de fala. No reconhecimento de fala, um computador converte a voz dos apresentadores. Já na estenotipia, um especialista registra tudo o que escutar com auxílio de um teclado especial, onde os botões são baseados em fonemas. Alguns ouvintes preferem também o uso do closed caption para não precisar aumentar o volume da televisão, sendo uma ferramenta bastante utilizada em clínicas pelo mesmo motivo.

Audiodescrição

A audiodescrição é uma forma de acessibilidade com foco nas pessoas com deficiência visual. Trata-se da descrição narrada do que acontece no programa — sem sobreposição de falas —, principalmente dos elementos que não podem ser percebidos apenas pelo áudio comum, tais como as expressões faciais e os objetos presentes em cena.

Dublagem

Sem dúvidas, foi a primeira forma de acessibilidade da televisão. Pensada como forma de atingir boa parte das pessoas que não possui domínio sobre idiomas estrangeiros, permite o entendimento de filmes ou séries ao substituir o áudio original pelo em português. Mesmo com a maior parte do público do cinema preferindo áudios originais acompanhados por legendas, a dublagem tem ganhado destaque pela disponibilidade em horários e salas de exibição.

Janela de Libras

Talvez quando você pense em Libras, logo lembre da “janela” no vídeo, na qual um intérprete traduz o áudio para a Linguagem Brasileira de Sinais. Muito vista por exemplo, nos casos dos programas políticos e pronunciamentos públicos oficiais.

O uso desse recurso já é obrigatório em toda a programação político-partidária, bem como nas campanhas institucionais do governo. Nesses casos, a responsabilidade pela tradução do conteúdo é da entidade responsável pela propaganda. No entanto, como a obrigação de acessibilidade é da emissora que estiver transmitindo, cabe a ela exigir que as entidades políticas já enviem o conteúdo com a devida tradução.

Algumas pessoas com deficiência, ainda não possuem um fácil acesso à internet e utilizam esses meios de comunicação off-line, especialmente a televisão, para se informarem. E por isso se torna tão imprescindível o uso dessas ferramentas no jornalismo brasileiro.

Símbolos de Acessibilidade

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Leticia Soares

Letícia Soares
Graduanda em Jornalismo com interesse em arte, tecnologia, literatura e sempre em busca de conhecer novas histórias. Uma pessoa que adora fotografar tudo, descobrir inovações, conversar e fica feliz com a companhia de um chá e um bom livro.

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