O acesso virtual à arte e à cultura como ferramenta favorável à acessibilidade
Uma pesquisa feita pelo Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB – no fim do primeiro semestre deste ano indicou que 88% das pessoas com deficiência acessam de maneira regular conteúdos culturais online. O estudo entrevistou 256 pessoas com deficiências variadas, de todo o Brasil, e apontou também que, para fins culturais, as pessoas com deficiência usam mais o celular do que o computador. Mas, o que explica esse interesse tão grande por conteúdos culturais virtuais pelo público deficiente?
A Pandemia e o Isolamento Social
Em primeiro lugar, deve-se levar em consideração que o levantamento de dados proposto por essa pesquisa foi feito no período de 28 de Abril a 1 de Junho de 2021, ou seja, durante o período de pandemia, em que o isolamento social ainda está sendo usado como medida de contenção do Coronavírus. Com isso, muitas pessoas estão saindo de suas casas somente para o considerado essencial – trabalho, compras de mercado e atendimento médico – e, por essa razão, além do interesse e da busca por entretenimento dentro de casa, o alcance de conteúdos culturais divulgados de maneira virtual aumentou muito desde o início da pandemia, em março de 2020.
A Acessibilidade Proporcionada
Muitos museus, teatros e locais de exposições culturais não são totalmente acessíveis para pessoas com deficiência, seja pela falta de acessibilidade arquitetônica, comunicacional ou atitudinal (conheça os diferentes tipos de acessibilidade aqui – inserir link da matéria do blog). Sabendo dessa realidade, fica fácil perceber o impacto que as ações culturais oferecidas de maneira virtual tiveram na vida de pessoas com deficiência que, muitas vezes, mesmo em um cenário não pandêmico, não se sentiam confortáveis para frequentar ambientes despreparados para recebê-los.
Grandes museus pelo mundo, como o MET – Museu Metropolitano de Artes, localizado em Nova York, Estados Unidos, o Louvre, em Paris, na França e o Museu do Vaticano, em Roma, na Itália passaram a oferecer visitas virtuais durante a pandemia, como uma forma de divulgar a arte e torná-la mais acessível à todos.
Essas visitas virtuais foram pensadas para alcançar o maior número de pessoas possível e, por essa razão, as informações sobre as obras de arte e os vídeos disponibilizados nos sites oficiais de cada museu apresentam diversas opções de configuração de áudio e legenda, em diversos idiomas, além da opção da audiodescrição para deficientes visuais, em alguns museus.
Por que a maioria das pessoas entrevistadas preferem acessar os conteúdos culturais pelo celular?
Embora possam ser acessadas pelo computador ou tablet, a maioria das visitas virtuais em museus foi pensada para uso em smartphones (sistemas android ou iOS), o que explica a preferência dos usuários, que ficou clara nos índices apontados pela pesquisa do Centro Cultural do Banco do Brasil.
Além disso, vale lembrar que entre os entrevistados, 43% possuem deficiência visual; 25% auditiva; 17% motora; 3% cognitiva; 2% múltipla e 8% possuem outras deficiências. Tendo isso em vista, é importante considerar a facilidade gerada pelo uso do recurso de acessibilidade oferecido pelos smartphones que uma vez configurados, fazem, por exemplo, a leitura dos textos exibidos na tela para as pessoas com deficiência visual, algo que melhora a experiência do usuário do smartphone como um todo e, neste caso específico, também amplia a experiência da visita virtual a um museu, possibilitando o acesso a informações, muitas vezes, disponibilizadas somente em texto, sobre as obras de arte.
Lista de Museus com Visitação Virtual
Agora que você já sabe que é possível conhecer muitos museus e exposições e ter acesso a diversos conteúdos culturais sem sair de casa (e de forma acessível!), que tal conhecer alguns dos museus que disponibilizam esse recurso da visitação virtual?
- MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
- Museu da Língua Portuguesa – São Paulo
- Museu Catavento Cultural – São Paulo
- Pinacoteca – São Paulo
- MASP – Museu de Arte de São Paulo – São Paulo
- CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo
- Museu do Amanhã, Rio de Janeiro – Brasil
- Metropolitan Museum of Art, Nova York – Estados Unidos
- Louvre, Paris – França
- Museu d’Orsay, Paris – França
- Art Institute of Chicago, Chicago – Estados Unidos
- Museu do Vaticano, Roma – Itália
- Museu Casa de Anne Frank, Amsterdam – Holanda
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Giovanna Naddeo
Escritora, professora e tradutora formada em Letras pela UNICAMP. Apaixonada por viagens, bordados e animais. Acredita que um mundo melhor se faz com pessoas que se incentivam.