Como será que o tema da diversidade e inclusão se relaciona com o avanço da tecnologia e as novas gerações?
Existem diversas teorias sobre os anos em que se iniciam e terminam as gerações millennials, mas de modo geral estudiosos classificam a Geração Y de 1981 a 1994 e a Geração Z a partir de 1995.
Segundo dados de 2018, do Panorama Nacional e Internacional da Produção de Indicadores Sociais apresentado pelo IBGE, entre as mais de 13 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil em 2010, pelo menos 3.3 milhões fazem parte da Geração Y e Z.
Ou seja, sem contar as taxas de mortalidade, estima-se que hoje há em média mais de 1 milhão para a Geração Y e 2.3 milhões para a Geração Z.
Afinal, quais são as diferenças entre as Gerações Y e Z?
A resposta é que duas gerações (Y e Z) buscam o mesmo objetivo e se parecem em diversos aspectos, mas descobriram a importância da diversidade e inclusão de maneiras diferentes.
Quem nasceu e cresceu a maior parte da vida sem internet demorou um pouco mais para começar a falar sobre o tema, pois o acesso à informação e o convívio com a diversidade foi tardio.
Gabrielle Carvalho, 39 anos, tem deficiência física decorrente de paralisia cerebral durante o nascimento. Hoje é bibliotecária concursada, e conta como foi a mudança de pensamento para se engajar na área de acessibilidade e inclusão.
“Desde a escola já começava a perceber os meus direitos como pessoa com deficiência, mas o divisor de águas foi quando tive uma experiência profissional com acesso à documentação do movimento social das pessoas com deficiência. Ali, comecei a estudar o modelo social, e percebi que não me encaixava no modelo médico e capacitista”, explica Gabrielle.
Já quem nasceu com a internet ou passou boa parte da vida imerso nela, sempre teve mais contato com o tema e busca meios digitais e atitudinais para promovê-lo.
“Percebo um movimento de abertura de mentalidade e naturalização das diferenças. As novas gerações convivem mais com a diversidade e não se espantam mais com ela. Na verdade, espantam-se com sua falta de diversidade e acessibilidade”, afirma Isa Meirelles, digital influencer com baixa visão, hoje com 28 anos, mas que se reconheceu como pessoa com deficiência somente aos 25.
Assim, podemos citar os protagonistas da geração Z como os influenciadores digitais com deficiência, como a Lorrane Silva, conhecida como Pequena Lo, que tem mais de 3,9 milhões de seguidores no Instagram e 4,8 milhões no TikTok.
Para os irmãos influenciadores Andrei da Silva Borges, 26 anos, e Tainá da Silva Borges, 19 anos, além da oportunidade da inclusão, a internet também possibilita que todos saibam mais sobre as deficiências, expandindo conhecimento e empatia.
“Antigamente os surdos não podiam usar muito a língua de sinais e eram obrigados a usar oralização. Além disso, tinham muitos sinais diferentes, com a maioria feitos de maneira caseira. A internet ajudou muito a divulgar a comunicação da comunidade surda”.
Qual é a importância da internet?
A internet possibilitou o acesso às informações de qualquer lugar, que antes só podiam ser alcançadas através da imprensa tradicional ou especialistas com pesquisas no mundo acadêmico.
Em 2007, surgiram os smartphones e a sua evolução nos possibilitou compartilhar micro-momentos, com os principais acontecimentos das nossas vidas.
“No momento em que me identifiquei como pessoa com deficiência, comecei a estudar e divulgar sobre o tema a partir do lugar de fala de uma pessoa com deficiência e como relações públicas também. Usei as redes sociais para me conectar com outras diversidades e a divulgar sobre acessibilidade na comunicação”, conta Isa.
Por ser mais tecnológica, a geração Z traz novas ideias para que a diversidade e inclusão sejam cada vez mais discutidas no ambiente digital. Os irmãos Borges, por exemplo, enfatizam a importância de o conteúdo ser inclusivo para todos.
“O nosso objetivo é mostrar a Libras e a rotina dos surdos, pois fazemos tudo como qualquer pessoa. Sempre queremos incentivar os ouvintes a aprenderem Libras também e interagir com a comunidade surda, assim postamos os vídeos legendados para os ouvintes entenderem também”.
O que será do futuro?
A ausência ou o excesso de informação acaba influenciando no comportamento das gerações e refletindo em um movimento de pessoas com deficiência mais diverso e, ao mesmo tempo, que segue pelo mesmo caminho.
Para ambas as gerações, ainda é preciso rever como a informação chega até as pessoas e como sair da zona de superficialidade do mundo digital, oferecendo mais espaços para debates, pesquisas e estudos.
Se você chegou até o final do conteúdo é sinal que quer fazer a diferença agora e no futuro. Portanto, incentivamos você a pensar em ações que podem beneficiar a inclusão, diversidade e acessibilidade no ambiente ao seu redor.
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Informações extras:
2021
Geração Y (1981 e 1994) de 27 a 40 anos
Geração Z (a partir de 1995) até 26 anos
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Fotos dos entrevistados:
- Isa Meirelles
- Gabrielle Carvalho
- Irmãos Tainá e Andrei
Cintia Alves de Sousa
Jornalista especialista em mídia e reportagem, que busca constantemente por novos desafios no segmento da Comunicação Acessível, para contribuir com ações que valorizem a diversidade e a inclusão na sociedade.