Hipismo paralímpico, equoterapia e os benefícios para pessoas com deficiência

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O hipismo é um esporte diferente. Não é coletivo, mas também não é exatamente individual

É o único que une o ser humano a um animal. E é dessa união que nasce uma modalidade que extrapola o fator competitivo e se torna uma forte ferramenta de inclusão, além de trazer incontáveis benefícios corporais e psicológicos para pessoas com deficiência. Por isso, antes de falar sobre o hipismo paralímpico, precisamos falar da equoterapia. 

A equoterapia se consolidou no Brasil a partir de 1989 com a criação da Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil). Segundo a entidade, a prática consiste em um método terapêutico que utiliza o cavalo para promover ganhos físicos e psíquicos em pessoas com deficiências, sem restrição de idade. 

Ainda de acordo com a Ande-Brasil, a equoterapia faz uso do corpo todo, contribuindo então para o desenvolvimento da força muscular, conscientização corporal e o aperfeiçoamento da coordenação motora, da postura e do equilíbrio.

Além disso, a interação com o cavalo pode trazer novas formas de socialização e autoconfiança. Por isso, a prática é bastante indicada e comum para pessoas com autismo, já que consegue atuar também na área emocional. 

Hoje, o Brasil já conta com mais de 300 centros de equoterapia espalhados pelo país. E a lista completa está no site da Ande-Brasil (http://equoterapia.org.br/submit_forms/index/miid/148/a/us/sfid/3). 

Da equoterapia ao hipismo

De acordo com as necessidades e objetivos de cada pessoa, podem ser usadas diferentes abordagens e estratégias dentro da equoterapia. Assim, a Ande-Brasil divide a técnica em quatro estágios. 

O primeiro é a hipoterapia, quando o paciente não possui condições físicas de se manter sozinho sobre o cavalo, precisando do auxílio de um guia/terapeuta. O segundo estágio é o de educação e reeducação, em que a pessoa já apresenta menor dependência do guia, com maiores condições de se manter sozinho no animal. 

A terceira fase corresponde à pré-esportiva, na qual o praticante já tem pleno domínio do cavalo, podendo trabalhar técnicas de inserção social através do animal. E por fim, o quarto estágio é o esportivo, quando se chega, de fato, ao hipismo, sendo encaminhada a uma escola de paraequitação e podendo participar de competições. 

O hipismo paralímpico

O conceito esportivo do hipismo paralímpico se concretizou no Brasil a partir do ano 2000, com o apoio da fisioterapeuta Gabriele B. Walter, pioneira na área, a da Ande-Brasil. Dois anos depois, a CBH (Confederação Brasileira de Hipismo) passou a regulamentar o esporte, promovendo o primeiro Campeonato Brasileiro de Adestramento Paraequestre em 2003. 

O hipismo paralímpico pode ser praticado por pessoas com deficiência física nos membros inferiores, baixa estatura, deficientes visuais e paralisados. Os cavaleiros e amazonas são classificados de acordo com a sua deficiência e julgados pela sua capacidade ou habilidade equestre. O grau de deficiência varia de IA, a mais severa, ao IV, a menos severa.

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Além disso, diferentemente das provas de hipismo olímpico, que possuem provas de adestramento, saltos e Concurso Completo de Equitação (CCE), o hipismo paralímpico contempla somente as provas de adestramento. E as competições são mistas, ou seja, homens e mulheres disputam as mesmas provas. 

Hoje, a modalidade é praticada em mais de 40 países. No Brasil, é possível buscar escolas, clubes e associações que possuem a paraequitação através dos sites do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH).

Por fim, vale destacar que o hipismo paralímpico tem crescido bastante entre os brasileiros nos últimos anos. Não à toa, os melhores resultados do país nos Jogos Paralímpicos aconteceram em Pequim 2008 e na Rio 2016. Marcos Fernandes Alves, o Joca, foi responsável por faturar duas medalhas de bronze para o Brasil na China, enquanto Sérgio Oliva repetiu o feito nos Jogos do Brasil, quatro anos depois.

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Fernanda Zalcman
Jornalista, curiosa por natureza e apaixonada por fazer a diferença. Encontrou no esporte um propósito: inspirar e dar voz à histórias e pessoas que por vezes estão escondidas. Porque todos importam e merecem espaço!

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