Xadrez para cegos: pessoas com deficiência visual adaptam jogo para período de isolamento

Xadrez para cegos

Antes da pandemia, as capitais brasileiras sediavam jogos de xadrez para cegos. Entenda como funciona a dinâmica do jogo para o público

Os jogos de tabuleiro, por muito tempo, foram – e muitas vezes ainda são – o passatempo de muitas pessoas. Damas, ludo e gamão, por exemplo, tiveram ascensão e mostraram que sorte não define sempre a vitória; é necessário ser estratégico. Outro jogo que também não cai no esquecimento é o xadrez. Com distintas regras e movimentações, o jogo mostra na prática o poder de pensar à frente.  E essa diversão está disponível para muitos, inclusive para pessoas com deficiência visual. 

No xadrez para cegos, as regras contam com algumas adaptações. Ao invés de um tabuleiro, são usados dois, um para cada jogador. Por isso, cada competidor deve reproduzir no seu campo a jogada anunciada pelo adversário. Esta é uma forma de os jogadores não se atrapalharem e conseguirem tatear cada uma das peças.

Outra diferença está nas casas do tabuleiro. Os quadrantes pretos possuem altura diferente das brancas, assim como as peças, que se distinguem no tato. Abaixo de cada uma das peças há pinos que servem para ficar presos nos pequenos buracos do tabuleiro, permitindo que os enxadristas consigam tatear sem se preocupar em bagunçar as jogadas enquanto tateiam as peças.

Essa é uma dinâmica que já crescia bastante no Brasil. Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, por exemplo, foi promovida a Copa Brasil de Xadrez para Pessoas com Deficiência Visual. O evento aberto ao público pela foi desenvolvido Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais (FBXDV) < https://www.fbxdv.org.br/>, em parceria com a Associação de Cegos do Rio Grande do Sul. O evento ainda passou por mais capitais, como Recife, Brasília, São Paulo e Curitiba.

Xadrez para cegos: cenário de pandemia

Com o isolamento social e restrições de aglomerações, ficou mais complicado reunir os amigos e conseguir jogar xadrez como antes. Por causa disso, Oneide de Souza Figueiredo, servidor público aposentado que nasceu com glaucoma, desenvolveu um método de continuar se divertindo com os amigos enxadristas por meio do Whatsapp. Intitulado “Xeque-Mate para Todos”, a iniciativa do diretor da Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais (FBXDV) tem como objetivo incentivar as pessoas com deficiência visual de todo o Brasil a praticar o jogo <https://guiaderodas.com/game-com-proposito-jogo-simula-principais-dificuldades-de-navegabilidade-para-pessoas-com-deficiencia-visual/>. Aos poucos, ele começou incentivando os amigos mais próximos que já sabiam jogar a ensinar outras pessoas. E o resultado é motivo de orgulho para o jogador. “Para a minha surpresa, a adesão foi grande”, comenta Figueiredo.

Até maio de 2021, o grupo contava com 80 alunos e 35 professores de vários estados do Brasil. E as aulas são gratuitas e inclusivas. “Há alunos de 8 a 80 anos. Todos possuem deficiência visual e querem aprender a jogar”, contou.

As regras são praticamente as mesmas do jogo adaptado para pessoas com deficiência visual. Os jogos ocorrem por ligação telefônica, mensagem de voz em salas de jogos virtuais ou em plataformas para os jogos de xadrez. Como a comunicação não pode contar com ruídos para a fluidez da partida, ao anunciar seu movimento, os jogadores dão nomes às colunas. Ou seja, ao invés de anunciar 4B por exemplo – que pode ser facilmente confundido com D –, o jogador anuncia 4 Bela. Ana, Cesar, Davi, Eva, Felix, Gustav e Hector completam a lista de nomes das colunas.


Felipe Lima

Jornalista formado pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redator web desde 2017, especializado em SEO pela Comschool. Profissional que acredita no poder das palavras e na transmissão de histórias.

Respostas de 2

  1. SOU PROFESSOR DO MUNICÍPIO DE RESENDE, RJ TRABALHO COM XADREZ ADAPTADO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL. PROFESSOR MÁRIO LUIZ.

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