Por meio da utilização de inteligência artificial, a ferramenta identifica os sinais da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e traduz para o formato de texto e voz em português
A comunicação entre uma pessoa surda que usa a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e um interlocutor ouvinte nem sempre é uma tarefa fácil. Muitas vezes, o que predomina é a barreira linguística, e não o entendimento mútuo. Para resolver essa questão, pesquisadores brasileiros da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) criaram o Projeto Giulia, que oferece soluções em acessibilidade comunicacional.
A iniciativa foi idealizada em 2014 pelo professor da UEA, Manuel Cardoso, que também é diretor-executivo da Map Innovation, empresa que financiou inicialmente o projeto. Mas a grande virada de chave, que expandiu o acesso da tecnologia desenvolvida para mais usuários, aconteceu durante a participação do projeto no Braskem Labs 2016, programa de incentivo a negócios voltados à inovação.
Como funciona o projeto Giulia?
O carro-chefe do projeto Giulia é o bracelete com sensores que captam os movimentos de braços e mãos da pessoa surda, quando ela está usando a Libras. Esses impulsos são transmitidos, via bluetooth, a um aplicativo para smartphone, que traduz os sinais de Libras para texto e voz, facilitando a interação entre surdos e ouvintes.
A comunicação inversa também é possível. Para isso, o ouvinte precisa falar no microfone do smartphone, e o aplicativo faz a tradução para texto ou desenho animado em Libras, caso o surdo não saiba ler. Já existe no mercado uma versão mais atualizada do aplicativo, que dispensa o uso do bracelete e foca apenas na comunicação com o smartphone, o que contribuiu para a usabilidade.
O primeiro contato do professor Manuel Cardoso com os sensores de movimento que captam gestos dos braços e das mãos foi em 2014, durante uma viagem a Boston, nos Estados Unidos. Foi nesse momento que ele enxergou a possibilidade de aplicação dessa tecnologia no auxílio da comunicação entre surdos e ouvintes.
Conheça o tradutor de Libras em tempo real.
Mais do que um simples tradutor
Além da tradução, a ferramenta conta com outras funções, como despertador, babá eletrônica, chat, emergência e treino. Desde o seu desenvolvimento até os dias de hoje, o projeto foi sendo aperfeiçoado por um time de designers, desenvolvedores, animadores 3D, tradutores e intérpretes de Libras.
O diferencial do aplicativo é que ele não é apenas mais um tradutor, mas sim uma central de comunicação da pessoa surda. Dessa forma, ela pode ser compreendida e entender o que os outros estão dizendo, o que garante autonomia em situações de emergência ou nos momentos em que um intérprete não estiver presente, como em hospitais, escolas, delegacias e restaurantes, por exemplo.
Além do aplicativo, o projeto Giulia também vem desenvolvendo outros produtos de acessibilidade em Libras, como tradução de sites, anúncios, panfletos, livros, manuais e produtos por meio de um avatar digital e de QR Code.
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Carina Melazzi
Jornalista e produtora de conteúdo. Gosta de contar histórias e é apaixonada por viagens, montanhas e mar.