A inclusão que salva vidas: conheça a história de Veronica Yoko Plebani

Veronica Yoko Plebani

Veronica Yoko Plebani alia os treinos à faculdade de Ciências Políticas com uma carreira bem sucedida como influencer digital – com cerca de 52 mil seguidores em seu perfil no Instagram

Em 2012, Veronica Yoko Plebani teve sua vida virada de ponta cabeça: com apenas 15 anos, a italiana contraiu um caso agudo de meningite bacteriana que causou a perda das falanges dos dedos de suas mãos e pés e trouxe uma série de sequelas para seu organismo, incluindo dificuldades de mobilidade e diversas cicatrizes que cobrem seu corpo e rosto: 

Veronica Yoko Pleban

“Quando saí do hospital, não tinha o mesmo controle do meu corpo, e precisei me adaptar. Perto de casa havia um belo rio, e isso me ajudou – poder voltar andar de canoa pelas águas me atraiu de volta para o esporte. A canoagem me devolveu a independência, e me deu oportunidade de fazer algo importante”

Veronica, em entrevista para o programa italiano Da Noi… A Ruota Libera

De fato, ela agarrou com unhas e dentes a oportunidade de fazer algo importante: Veronica foi medalha de ouro no Campeonato Mundial de paracanoagem  por dois anos consecutivos, em 2013 e 2014, e representou a Itália nos Jogos Paralímpicos de Inverno em Sochi, na modalidade de cross-snowboarding. Em 2017, passou a competir também em paratriatlo, obtendo duas medalhas de ouro no Campeonato Nacional de Paratriathlon ITA 2017 e na Copa Mundial de Paratriathlon 2017 da Besancon ITU, respectivamente.

Veronica Yoko Pleban

“Quando você pratica esportes, enfrenta desafios todos os dias, e essa é a melhor parte! Quando estou praticando canoagem, por exemplo, preciso enfrentar rios com correntes fortes, enfrentar meus medos e dificuldades, e isso me ajuda bastante”

completa a atleta. (aliás, para saber mais sobre as diferentes modalidades de esportes para pessoas com deficiência, confira nosso artigo especial sobre o tema!) 

Hoje, Veronica alia os treinos à faculdade de Ciências Políticas na Universidade de Bolonha, além de cultivar uma carreira bem sucedida como influencer digital – com cerca de 52 mil seguidores em seu perfil no Instagram, ela faz questão de falar sobre a quebra dos padrões convencionais de beleza e sobre como podemos usar as redes sociais como aliadas nesse processo de aceitação: 

“As mídias sociais são uma ferramenta forte de mudança. Foram elas que empurraram a indústria para a necessidade de uma representação mais inclusiva. Mas é claro que também podem fazer o trabalho oposto, como impor a você um padrão de beleza ou estilo de vida que na verdade não é real. Elas podem fazer você se sentir menos digno de atenção, mas o problema não é você, o problema é como as pessoas fazem uso dessa tecnologia. Usá-la para o bem é uma escolha diária”

Veronica, em entrevista à Vogue Italiana.

Em uma entrevista concedida à revista Vanity Fair italiana, Veronica comentou:

“se eu tivesse um corpo padrão, muito provavelmente não o mostraria. Mas tenho esse corpo complexo, e o uso para dizer algumas coisas: a primeira é que o amo porque ele conta bem quem sou. A segunda é que não preciso ter medo de olhar para ele, porque somos todos diferentes em alguma coisa, e isso não significa que somos errados. A terceira é que o corpo não é uma coisa separada, é você. Se você não aceita seu corpo, você recusa a si mesmo.”

Em 2020, Veronica lançou um livro sobre sua trajetória, a doença, a carreira no esporte e o processo de auto aceitação. Intitulado Fiori Affamati di Vita, (flores famintas por vida, em tradução livre) ele ainda não tem tradução para o português. Entretanto, você pode saber um pouco mais sobre ela neste mini documentário produzido pelo portal Freeda


Renata Schmidt

Renata Schmidt 
Relações Públicas e jornalista. Acredita que todo mundo tem uma história que vale a pena ser contada.

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