O trabalho desse profissional garante uma comunicação mais inclusiva para milhões de pessoas que utilizam a Língua Brasileira de Sinais
Ao longo da história, a comunidade surda vem empenhando esforços para assegurar o reconhecimento de seus direitos e o estabelecimento de uma sociedade mais igualitária. Um dos principais marcos dessa luta ocorreu em setembro de 2010, com a regulamentação da profissão de tradutor e intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais), amparada pela Lei nº 12.319.
Esse profissional tem um papel fundamental na promoção da inclusão e do acesso à informação de milhões de pessoas surdas. A sua principal atribuição é garantir a intermediação comunitária entre os usuários da Língua Brasileira de Sinais, por meio da interpretação da língua oral-auditiva para a língua visuoespacial, e vice-versa.
O intérprete de Libras pode atuar em diferentes contextos e ambientes, como escolas, universidades, repartições públicas, órgãos administrativos, congressos, empresas privadas, seminários e programas de televisão, só para citar alguns. Dessa forma, é possível proporcionar uma comunicação mais inclusiva e garantir a integração da comunidade surda na sociedade.
A Língua Brasileira de Sinais
Apesar de a Libras ter sido criada no século XIX, ela só foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão em abril de 2002, com o estabelecimento da Lei nº 10.436. Essa conquista também foi um passo muito importante no processo de regulamentação da profissão de tradutor e intérprete de Libras e na inclusão de pessoas surdas no mercado de trabalho.
De maneira geral, o reconhecimento da Libras deu maior visibilidade para a comunidade surda, que representa cerca de 5% da população brasileira, ou 10 milhões de pessoas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Posteriormente, em 2005, essa conquista também teve um grande impacto no ensino, pois a Libras tornou-se obrigatória nos cursos de licenciatura, pedagogia e fonoaudiologia.
Apesar de a Língua Brasileira de Sinais não ser considerada universal, como a língua oral, ela tem uma organização gramatical própria, com construções mais objetivas e flexíveis e estrutura morfológica, fonológica, sintática e semântica. Cada palavra corresponde a um sinal específico, e, nos casos em que não houver um sinal equivalente, é possível utilizar a soletração por meio do alfabeto em Libras.
Assim como cada país tem uma língua oral, também é possível encontrar versões internacionais da língua de sinais: nos Estados Unidos, os surdos usam a Língua Americana de Sinais (ASL), e na França, a Língua de Sinais Francesa (LSF), por exemplo.
A comunicação participativa, que é facilitada pelo uso da Libras, é fundamental para o desenvolvimento e o exercício da cidadania do surdo. Por isso, é necessário estimular e investir cada vez mais na capacitação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais, que têm um papel fundamental na promoção da inclusão social e do acesso à informação.
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Carina Melazzi
Jornalista e produtora de conteúdo. Gosta de contar histórias e é apaixonada por viagens, montanhas e mar.
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