Para se ter uma sociedade coesa com valores humanos é preciso buscar incluir pessoas. Por isso a acessibilidade escolas é imprescindível.
A questão da discussão sobre acessibilidade nas escolas é duplamente importante por, pelo menos, dois fatores: primeiro, e obviamente, por conta da disponibilização de meios e estruturas para integrar e democratizar os espaços para todos, e, segundo, por formar gerações a fim de se levar estes valores de empatia humana e inclusão social.
O assunto se faz necessário, pois, no Brasil, a porcentagem de pessoas com deficiência entre 0 e 14 anos, segundo o IBGE, é de 7,5% da população total. Esta demanda torna ainda mais necessária a implantação da acessibilidade nas escolas. E, para começar, é preciso se informar, e investir em inovações.
Para se ter uma sociedade coesa com valores humanos, prezando pelo desenvolvimento mais igualitário e democrático possível, é preciso buscar incluir pessoas. Sendo assim, seja a deficiência mental, física, visual, auditiva ou múltipla, ações visando o amparo e acolhimento dessas crianças e adolescentes é essencial.
Atender as diferenças
O site Educa Diversidade, da Unesp, aponta que o Brasil não é um país que se preocupa com estudantes que possuem deficiência. Segundo dados do Censo Escolar 2018 do Instituto Nacional e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), somente 31% das escolas (55.899) brasileiras têm dependências acessíveis a pessoas com deficiência, enquanto 41% (74.878) possuem sanitários adaptados para essa parcela da população.
Ainda de acordo com o mesmo estudo, nas escolas de Ensino Fundamental, os banheiros acessíveis a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida só estão presentes em 34,3% das escolas municipais, 55,6% das escolas privadas, 53,7% das estaduais. O cenário só é um pouco melhor nas federais, com 76,6% de sanitários acessíveis.
Manual de Acessibilidade
Na apresentação do Manual de Acessibilidade Espacial para as Escolas – o direito à escola acessível, feito pelo Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Especial, em 2009, há ponderações pertinentes à condição educacional em geral nesse sentido. Nele, diz que, historicamente, as escolas públicas não foram organizadas para atender as diferenças, o que gerou a exclusão social e educacional das pessoas com deficiência.
O manual ainda coloca que, atualmente, a Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/2008), à luz da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU/2006), orienta os sistemas de ensino para a construção de sistemas educacionais inclusivos, que assegurem o direito de todos à educação.
Tecnologia a favor
Contudo, além de melhorias na política de inclusão de pessoas com deficiência, também é necessário investimento em tecnologias que auxiliem a inclusão de todos. E nesse campo, existem vários exemplos. Já há aplicativos e softwares especializados para facilitar o dia a dia dos jovens com deficiência. Para voz, são usados o Liane TTS, por exemplo, e para visão, Jaws, Virtual Vision e DosVox. Também há uso de recursos de libras e audiobooks.
Teclados alternativos, mouses com adaptadores, impressoras 3D e recursos de locomoção e segurança são essenciais para expandir as possibilidades aos deficientes. Tudo o que puder ser investido, instalado e somado nas escolas, faz crescer não somente o público que tem deficiência, mas também os que não têm. Para isso, deve-se abolir o preconceito e adotar a prática da empatia humana e inclusão social.
Bruno Marques
Jornalista, escritor, músico. Tentando entender e mudar o mundo desde 1985.