Alunos de Etec criam programa que converte Libras em texto

Software de Reconhecimento de Sinais

Idealizado por estudantes da Escola Técnica Estadual Lauro Gomes, o projeto tem como objetivo tornar a comunicação de pessoas com deficiência auditiva mais acessível

Um grupo de estudantes da Escola Técnica Estadual (Etec) Lauro Gomes, de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, desenvolveu um software que converte a Língua Brasileira de Sinais (Libras) em texto. O objetivo é tornar a comunicação de pessoas com deficiência auditiva mais acessível. Para além da sala de aula, o projeto ficou em nono lugar na votação popular da 19ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e será apresentado em outras feiras nos próximos meses. 

Os alunos Vinícius Luciano Navarrete da Silva, Luciano Dos Anjos Oliveira e Fabrício Holanda de Almeida, do curso técnico de Desenvolvimento de Sistemas, tiveram o intermédio da biblioteca de código aberto MediaPipe para criar o Software de Reconhecimento de Sinais, que transforma Libras em texto. O sistema já tem 100 sinais programados para reconhecimento. A eficácia só foi possível a partir da dedicação e comprometimento do grupo, que testou mais de 20 mil vídeos nesse processo.

Créditos: Divulgação

Como funciona o programa que transforma Libras em texto

Segundo Luciano, o software reconhece os pontos da face, mãos e corpo da pessoa por meio de coordenadas programadas pelos jovens ao inserirem vídeos com sinais em Libras. Em seguida, pelas variações de movimentos, o equipamento gera o texto. 

A idealização do projeto toca em outro âmbito da vida do jovem, que nasceu com lábio leporino e tem dificuldades na fala. “Por conta do meu problema, falei com meu pai que, quando iniciasse o curso, queria fazer algo para ajudar as pessoas, isso foi o que mais me motivou e me motiva a continuar com o projeto”, relata.

A ideia é que o próprio usuário do software seja protagonista do projeto, o que pode ajudar, e muito, a acessibilidade para essas pessoas com deficiência e a todos os lugares. Agora, os alunos irão finalizar o desenvolvimento da tecnologia e criar um aplicativo para possibilitar que ela seja aplicada no dia a dia.

“Queremos conseguir mais espaço para poder dar continuidade a este trabalho, melhorar nossa estrutura e ter apoio no conteúdo de Libras, para levar mais inclusão a todos os lugares. Participar da Febrace foi muito importante para divulgar nossa proposta e nos ajudar nesses objetivos”, afirma Vinicius.

Embora os jovens sejam os criadores da iniciativa, há uma equipe de docentes que os orienta no desenvolvimento dos projetos de TCC. De acordo com Cleiton Fabiano Patricio, o projeto foi inspirado em uma tecnologia ainda recente no mercado. 

“Para trabalhar com programação de Inteligência Artificial é preciso muita dedicação e foco do aluno, para que se possa entender toda a arquitetura dela“, diz o professor. “Nós vimos a dedicação desses alunos, desde o início eles queriam trabalhar com identificação de movimentos, mas quando eles conseguiram entender a rede neural do software, começaram a expandir e abrir um leque de possibilidades que deu muito mais forma para o trabalho.”

Os jovens também foram convidados a participar da Mostratec Jovem-Pará e estão preparando inscrições para outras feiras científicas, como a Sciencetec. Eles também estão focados em divulgar o trabalho nesses eventos e buscar intérpretes para aprimorar a programação dos sinais.


Heloisa Aun

Heloisa Aun

Jornalista e estudante de Letras na USP, trabalha desde o início da carreira com a temática dos direitos humanos e meio ambiente. Nos últimos anos, idealizou campanhas de combate ao assédio sexual e à violência doméstica. Também atua na área de educação em organizações e projetos sociais.

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