A Prefeitura de São Paulo lançou Selo que reconhece sites e portais que possibilitam boa navegabilidade e permite experiência prática de clientes
O advento da pandemia transformou a vida de todo o mundo. Sobretudo, acelerou uma prática que já estava em ascensão: o e-commerce. As vendas online cresceram significativamente e os shoppings virtuais viram uma oportunidade de continuar gerando caixa apesar da crise. No entanto, será que é possível aliar compras online com acessibilidade?
Usuários que possuem alguma deficiência visual ou auditiva, por exemplo, podem vir a encontrar alguns obstáculos ao tentar realizar compras online. Isso ocorre porque muitos sites não contam com recursos e funções que atendam às necessidades desses clientes, como função de áudio e descrição de imagem.
Barreiras da internet
A internet facilitou o dia a dia dos clientes. Realizar compras online é sinônimo de conforto, praticidade e até economia. E a pandemia reforçou tudo isso. Segundo levantamento realizado pela Ebit/Nielsen, o faturamento do e-commerce chegou a R$ 4,02 bilhões durante a Black Friday de 2020. Isso representa 25,1% a mais do que foi registrado em 2019.
No entanto, nem todos puderam entrar nesse montante, visto que a navegabilidade não é muito acessível para todos não é suficiente para atender a todos. Segundo Leonardo Gleison Ferreira, deficiente visual técnico em Tecnologia Assistiva da Laramara, a discriminação é abrangente quando o assunto é compras online com acessibilidade. (FOTO – Leonardo Gleison Ferreira (Reprodução/LinkedIn)
“Quando uma pessoa com deficiência não consegue comprar online, principalmente aquelas que não têm alguém junto, elas precisam ir à loja física. Você precisa sair da sua casa, enfrentar os obstáculos arquitetônicos e comprar, por exemplo, uma passagem aérea mais cara. Os melhores preços estão nos sites. Somos discriminados também na questão dos preços”, relata.
Beto Pereira, presidente da Organização Nacional dos Cegos do Brasil (ONCB), concorda com a opinião e destaca que algumas empresas não entendem o deficiente visual como um potencial cliente. Por isso, fazer compras online se torna mais difícil.
“Isso acontece com frequência. O que era para ser um ganho de compra imediata com a facilidade de uma compra online, vira uma barreira tal qual o que acontece em lojas físicas. Muitas vezes sou obrigado a contar com o auxílio de alguém ou desisto de comprar”, explica.
Compras online com acessibilidade é direito
Esses obstáculos não deveriam mais ser pauta. Afinal, acessibilidade é um direito desde 2018 em São Paulo. A Prefeitura da cidade, por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, lançou o Selo de Acessibilidade Digital. A ideia é ação é garantir que as páginas web atendam aos critérios estabelecidos.
Este projeto certifica empresas e entidades que mostram que estão adeptas à acessibilidade digital. O objetivo principal é que essa ação chegue em todo o país, mostrando a importância de boas práticas na internet.
Além disso, segundo a Lei n° 13.146/2015 da Lei Brasileira de Inclusão: “É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente”.
Muitas empresas não possuem noção de como é significativo investir nesses recursos. São mais de 15 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, montante considerado esquecido por grande parte das empresas.
E os benefícios em fortalecer o portal com ferramentas acessíveis não para por aí. Acessibilidade digital também gera inovação, visto que utiliza Inteligência Artificial. Com isso, além de ampliar o canal com o cliente, o negócio consegue construir uma imagem positiva perante todo o mercado. Isso se torna ainda mais evidente com a conquista do selo.A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e a Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) estão encarregadas de avaliar os portais. Após requerimento, a Divisão de Acessibilidade Digital e Comunicação Inclusiva (DADCI) emitirá um relatório e submeterá à apreciação para concessão do selo. O site que atender 95% dos critérios básicos possui condições de se aplicar para conseguir o selo. Os interessados podem conferir o passo a passo neste link.
Felipe Lima
Jornalista formado pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redator web desde 2017, especializado em SEO pela Comschool. Profissional que acredita no poder das palavras e na transmissão de histórias.