Projeto de extensão Biblioteca Falada promove acessibilidade a pessoas com deficiência visual por meio de aplicativo de geolocalização e sonorização de textos e imagens
As pessoas são bombardeadas por informações e conteúdos a todo o momento. A notícia do jornal impresso na mesa do trabalho, o celular emitindo notificações, o comercial na televisão da sala de espera, as propagandas em outdoor, as fotos e textos das redes sociais.
Mas você já parou para pensar que nem todos têm acesso a tudo isso? Ou ainda, qual a sensação de poder assistir ao filme ou ler o livro que quiser?
É neste sentido, com o objetivo de ampliar as possibilidades de acesso a pessoas com deficiência visual, que a Biblioteca Falada promove a adaptação de conteúdos de diversos formatos para o áudio. Também realiza trabalhos de audiodescrição e atualmente desenvolve um aplicativo de mapa sonoro acessível da cidade de Bauru. Quer saber mais?
O que é a Biblioteca Falada
Biblioteca Falada é um projeto de extensão universitária da Unesp de Bauru – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), que promove acessibilidade a partir da adaptação e transposição de materiais imagéticos e textuais para o formato de áudio. Desenvolvido por alunos e professores universitários, o trabalho consiste em transformar qualquer material em uma linguagem acessível, promovendo a inclusão social.
O projeto é coordenado desde 2013 pela professora Suely Maciel, pós-doutora em Comunicação pela Universidade Autônoma de Barcelona, com experiência profissional em Jornalismo e Editoração na área de acessibilidade. Segundo ela, a Biblioteca Falada permite o contato dos participantes do projeto com a realidade das pessoas com deficiência visual, contribuindo para que os alunos desenvolvam senso crítico, noções de cidadania e de direitos humanos.
O projeto adapta conteúdos literários, jornalísticos ou de entretenimento de diversos formatos, tanto impressos como digitais, e realiza a audiodescrição de vídeos, imagens e até mesmo de ambientes, contribuindo para o melhor desenvolvimento das capacidades de recepção auditiva das pessoas com deficiência visual.
Recentemente a Biblioteca Falada passou por modificações em sua estrutura e ampliou sua atuação a partir de um novo projeto: criar um aplicativo de geolocalização e mapeamento de locais de interesse de pessoas com deficiência visual.
Aplicativo de geolocalização descreve ambientes e paisagens
A maior parte das atividades da Biblioteca Falada atualmente é voltada para o desenvolvimento de um aplicativo que visa acessibilizar e mapear, a partir do uso da comunicação, os locais de interesse e principais pontos turísticos a pessoas com deficiência visual.
O Siga – Guia Acessível da Cidade, inicialmente é desenvolvido com base nos locais da cidade de Bauru, mas a pretensão é que seja ampliado a outros municípios. Para cada lugar do mapa são dois áudios: um histórico informativo contando mais sobre o local; e outro audiodescritivo daquele ambiente ou paisagem. Para isso o projeto conta com a colaboração do professor Célio José Losnak, doutor em História Social.
Como é o processo de trabalho da Biblioteca Falada?
Participam em média 35 estudantes de diversos cursos: psicologia, jornalismo, relações públicas, engenharia de produção, arquitetura e artes visuais. Atuando em quatro diferentes núcleos: gestão interna, produção, audiodescrição e relações externas, além da equipe de tecnologia responsável pelo desenvolvimento do aplicativo.
No processo de sonorização primeiro é realizado a coleta de informações sobre os assuntos para a escrita dos roteiros, que são passados para a equipe de locução e posteriormente edição, etapa que inclui o background (fundo musical), vinheta e demais artifícios de sonoplastia.
No núcleo de audiodescrição as imagens são descritas em palavras, ou seja, é narrado o que a cena possui, os componentes em que estão presentes e outras informações que ampliam a compreensão do conteúdo integral dos produtos audiovisuais: sejam vídeos, fotografias, imagens, desenhos, novelas e até mesmo filmes. Mas agora o foco desta equipe é em audiodescrever os ambientes e paisagens para o aplicativo Siga.
Inclusão social e acessibilidade é o foco do projeto
O trabalho do projeto Biblioteca Falada, além de maior conhecimento e atividade intelectual, promove o desenvolvimento das aptidões de audição e audioleitura de pessoas com deficiência visual. Ampliando seus horizontes antes restritos somente a conteúdos sonoros ou em braille – sistema de escrita a partir de pontos de relevo que permite a leitura pelo tato.
Além disso, o projeto também auxilia crianças e pessoas que não conhecem este sistema de escrita. A Biblioteca Falada proporciona assim benefícios como independência e autonomia, aspectos que repercutem em maior autoestima e inclusão social.
Tem interesse por ações como essa? Confira nosso blog e continue acompanhando os conteúdos.
Thais Barion
Jornalista e mestranda em Comunicação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), com experiência em redação, assessoria de imprensa e mídias digitais. Apaixonada por livros e pela escrita acredita que o respeito, humildade e igualdade são aspectos essenciais para um mundo melhor.
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