Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho

Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho

O caminho para a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho tem avançado bastante desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Este documento pode ser considerado um marco, pois somente a partir dele que as pessoas com deficiência passaram a ser consideradas na sociedade, mesmo que ainda de maneira tímida.

Segundo o educador Marcos José da Silveira Mazzotta, pode-se dizer que a questão da pessoa com deficiência passou, ao longo da história, da ‘marginalização’ para o assistencialismo e deste para a educação, reabilitação, integração social e, mais recentemente, para a inclusão social.

Dados do CENSO 2010 apontaram que existiam aproximadamente quase 46 milhões de brasileiros, cerca de 24% da população, com algum grau de dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), ou com deficiência mental / intelectual.

Levando em conta apenas as pessoas que afirmaram possuir grande ou total dificuldade para enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus e as pessoas com deficiência intelectual, tínhamos mais de 12,5 milhões de brasileiros com deficiência, o que correspondia a 6,7% da população.

Mercado de trabalho para pessoas com deficiência

Em 2018, um estudo da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais – Ministério do Trabalho) apontou que existiam 7 milhões de pessoas com deficiência aptas ao mercado de trabalho, mas que apenas 486 mil (7%) estavam registradas em emprego formal.

Este baixo percentual com carteira assinada pode ser atribuído a resistência que muitas empresas ainda têm para contratar pessoas com deficiência. Com o objetivo de transpor essas barreiras históricas e incentivar a participação desses profissionais no mercado de trabalho, foi criada em 1991 a Lei 8213/91, ou Lei de Cotas para pessoas com deficiência. A Lei de Cotas impõe que empresas com mais de 100 empregados devem ter de 2 a 5% das suas vagas destinadas a pessoas com deficiência.

Apesar da Lei ter mais de 25 anos, ainda são poucas as empresas que a seguem de forma correta. Muitas delas evitam contratar profissionais com deficiências mais severas ou não investem no desenvolvimento dos funcionários contratados. Outras ainda só iniciam o processo seletivo para contratação depois de serem acionadas pelo Ministério do Trabalho. Se a legislação fosse seguida à risca por todas as empresas, mais de 400 mil empregos poderiam ser criados.

Thomas DiNapoli, administrador do Fundo Comum de Aposentadoria do Estado de Nova York, com o valor de 213,2 bilhões de dólares, o terceiro maior fundo público de pensão dos EUA, provocou ondas no início de 2019, quando convocou 49 grandes empresas a participarem da Disability Equality Index (DEI), uma métrica para avaliar as práticas e políticas de inclusão de pessoas com deficiência.

Inclusão no mercado de trabalho

Para Jill Houghton CEO da Disability:IN, não há apenas uma questão ética para inclusão da pessoa com deficiência, há uma questão de negócios. Um relatório recente da Accenture, em parceria com a Disability: IN e a AAPD, sugere que a adoção de práticas mais inclusivas quando se trata de deficiência na força de trabalho melhora os resultados de uma empresa.

As 45 empresas do estudo que foram identificadas como altamente engajadas nas melhores práticas em termos de emprego, inclusão e retenção de pessoas com deficiência tiveram receita 28% maior, o dobro do lucro líquido e margens de lucro econômico 30% mais altas do que seus concorrentes.

Assim como no Brasil, nos EUA existem grandes disparidades no trabalho quando se trata de candidatos com deficiência. Apenas cerca de 29% dos americanos em idade ativa com deficiência participam da força de trabalho, em comparação com 75% da população em idade ativa sem deficiência. Esse grande número de pessoas com deficiência desempregadas representa um universo diverso e inexplorado, do qual as empresas podem recorrer para atingir seus objetivos.

Há muitas pessoas com deficiência em todo o mundo, e é muito comum que exista na sua equipe de trabalho vários colegas com deficiência. “Enquanto trabalhamos com nossos parceiros, vemos inúmeras histórias em que as pessoas saem e dizem: sou líder sênior e lidero uma grande equipe há anos e tenho esclerose múltipla”, diz o CEO Jill Houghton.” Muitas vezes, as pessoas têm medo de falar a verdade, mas, ao verem suas empresas se interessando pela inclusão de pessoas com deficiência, começam a contar suas histórias”, completa.

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O Guiaderodas é uma empresa premiada pela ONU que usa a tecnologia à serviço da acessibilidade para que todos possam ter uma vida mais autônoma e inclusiva. O Treinamento Guiaderodas Atitude Acessível é um programa dedicado às empresas que buscam aprimorar o conhecimento de seus colaboradores sobre as diferentes deficiências e com isso, levar diversidade e inclusão para o ambiente de trabalho.

Confira algumas das empresas que aderiram o Treinamento Guiaderodas Atitude Acessível:

Uma mudança efetiva de postura da sociedade leva tempo para ser percebida e o desafio da inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho ainda é imenso. A boa notícia é que a conscientização evolui a passos largos e muitas empresas já enxergam a acessibilidade e a inclusão como diferencial estratégico para seus negócios.

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