Andava cego de amor
E o meu cão guia
Não sabia
Se seguia minha dor….
Cão Guia, Móveis Coloniais de Acaju
Muito embora o sentido figurado da letra acima seja óbvio, o amor pode, de fato, deixar os cães guia um tanto quanto confusos…quer entender por quê? Nesse post, te contamos tudo que você sempre quis saber sobre esses dogs mais que especiais!
Como os cães guia são treinados
O treinamento dos doguinhos começa quando eles ainda são filhotes: nessa primeira etapa, eles passam por uma família de acolhimento, que lhes dá o adestramento básico de obediência e socialização. É nela que eles aprendem comandos simples, como ‘senta’ e ‘deita’ e se acostumam a andar de carro e a circular em ambientes públicos. Essa fase dura cerca de um ano, depois do qual o cãozinho segue para o canil para receber o treinamento específico para se tornar um cão guia.
Já no canil, é chegado o momento do treinamento específico, que dura entre 6 meses e um ano. Nele, o dog passa por sessões de adestramento quatro vezes na semana, duas vezes por dia. Vale ressaltar que não são todos os animais que chegam até essa fase que são selecionados para se tornarem cães guia: os critérios de seleção levam em conta fatores como temperamento e nível de agressividade – animais assustadiços ou muito bravos acabam sendo encaminhados para adoção.
Existem 5 módulos básicos que são ensinados aos cães nesse período:
- o primeiro consiste em andar sempre em linha reta, ao lado esquerdo de seu dono e alguns passos à sua frente;
- no segundo, um pouco mais complicado, os cães aprendem como subir e descer escadas em plena sintonia com os humanos que os acompanham.
- Em uma terceira etapa é ensinado como se manter sempre na calçada, e a desviar de obstáculos de forma segura, pelo ‘lado de dentro’.
- Na sequência, é ensinado aos cães como atravessarem a rua em segurança
- e, por fim, no quinto e último módulo eles aprendem como entrarem e saírem de veículos junto com seus donos.
De acordo com o Instituto IRIS, que realiza doações de cães guia no estado de São Paulo, o custo estimado para a doação de cada animal é de R$ 35 mil. As raças mais comumente utilizadas são o pastor alemão, o boxer e o collie de pêlo longo ou curto, cujos tamanhos e características são considerados ideais para a função.
Como ter um cão guia?
Finalizado o processo de treinamento, os cães são considerados formados, e passam a estar disponíveis para serem adotados por tutores com deficiência visual. Os interessados a se tornarem donos de um cão guia podem fazê-lo se cadastrando em uma das instituições que fazem a doação – vale reforçar que existe uma fila de espera, já que a procura é bem maior que o número de cães formados no Brasil atualmente.
Sempre que há um novo animal disponível, a próxima pessoa da fila é chamada para uma entrevista, na qual é avaliada o quão preparada ela está para receber o dog!
O primeiro passo é você ter um bom relacionamento com a deficiência visual, digo isso porque sabemos que a etapa de aceitação é complicada, principalmente para quem perdeu a visão depois de já ter enxergado (experiência própria), seja na infância, adolescência ou fase adulta. Quando a Instituição tem o cão pronto para ser entregue, eles começam a procurar os candidatos, fazem todo um processo de entrevistas, tipo como se fosse uma entrevista de emprego mesmo…rs…e o primeiro “processo seletivo” que fui chamada foi em 2012, nessa época ainda não lidava bem com minha deficiência visual, estava em processo de aceitação, ainda tinha vergonha de usar a bengala e mostrar para as pessoas que eu não enxergava. Por causa disso não “passei” para a próxima etapa.
Vamos parar para pensar: a bengala podemos guardar na bolsa quando estamos com alguém que enxerga, dessa forma as pessoas nem perceberão que somos deficientes visuais, certo? Agora com o cão-guia, o tempo todo estaremos mostrando que somos deficientes visuais, não tem como guardá-los na bolsa, por isso essa questão precisa estar bem resolvida na nossa cabeça.
Segundo passo, ter mobilidade. Precisamos saber usar a bengala e principalmente ter Orientação e Mobilidade, pois somos nós que damos os comandos para onde o cão deve ir, eles não são um GPS. Depois de terem aprendido os lugares da sua rotina fica mais fácil, é só dizer “trabalho”, “casa”, que eles já conhecem o caminho, mas você precisa estar sempre atento pois pode acontecer algo no meio do caminho que os distraia e acabe desviando o trajeto.
Mellina, autora do blog 4 patas pelo mundo, narrou sua experiência nesse processo
Ou seja, tenha sempre em mente que ter um cão guia em sua vida é um verdadeiro comprometimento, que irá exigir tempo, paciência e, claro, amor pelos doguinhos!
7 curiosidades sobre os cães guia:
Agora que você já sabe como eles são treinados, confira algumas dicas e curiosidades que te permitem curtir a companhia dos animaizinhos sem cometer nenhuma gafe!
- Você não deve alimentar o cão guia com petiscos: é muito importante que o cão guia desenvolva uma rotina rígida, por isso é recomendado que ele seja alimentado apenas por seu dono e apenas em horários pré determinados;
- Brincar ou passar a mão faz com que ele se disperse de sua missão: Voltamos, aqui, para a música que mencionamos no início deste post – não esqueça que o doguinho está em horário de trabalho, de maneira que demonstrações de afeto, festinhas e brincadeiras podem distraí-los ou mesmo fazer com que ele confunda seus comandos;
- Interaja com o cão apenas com consentimento de seu tutor: essa regra, convenhamos, deveria valer para todos os pets;
- O cão-guia tem passe livre para entrar em qualquer tipo de estabelecimento, seja ele público ou privado: e esse direito é garantido por lei. A única exceção são as salas de cirurgia;
- Labradores e golden retriever são os cachorros mais utilizados como cães guia no Brasil – em outros países, como nos Estados Unidos, por exemplo, pastores alemães e boxers também são bastante utilizados;
- Eles se aposentam com 08 anos de idade;
- Após deixar o posto de cão-guia, o tutor pode ficar com o cachorro ou destiná-lo à uma família que ele tenha afinidade.
Agora que você já conhece as dicas básicas, ao avistar um, vai saber como tratá-lo da forma correta!
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Renata Schmidt
Relações Públicas e jornalista. Acredita que todo mundo tem uma história que vale a pena ser contada.
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