Mês da Inclusão Social da Pessoa com Deficiência: veja quem faz a diferença

Mês da Inclusão Social da Pessoa com Deficiência

Vamos prestigiar algumas pessoas que fazem a diferença para um mundo com mais oportunidades para todos

Muito mais do que vencer entraves arquitetônicos, a acessibilidade tem também o objetivo de eliminar barreiras comunicacionais, metodológicas, instrumentais, programáticas, naturais e atitudinais. Uma sociedade inclusiva beneficia pessoas com e sem deficiência e está na hora de todos nos engajarmos e promovermos a importância da acessibilidade em tudo o que fazemos.

Pois bem, o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência vem aí, e nada mais justo que aproveitarmos o momento para prestigiar algumas pessoas que têm se engajado e feito a diferença para um mundo com mais oportunidades para todos! Confira:

Mara Gabrilli

mara gabrilli

Se você acompanha o Guiaderodas há algum tempo, com certeza já ouviu falar de Mara Gabrilli: além de Secretária da Pessoa com deficiência de São Paulo e Deputada Federal por dois mandatos consecutivos, Mara foi relatora da Lei Brasileira de Inclusão, de 2015, dedicada a “promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania” (Art,1º). Nas palavras da própria Mara:

A LBI não é uma conquista só das pessoas com deficiência. Cada linha de sua redação representa os anseios da sociedade em geral e um trabalho de uma parte significativa do parlamento brasileiro, que deixou de lado bandeiras para arregaçar as mangas e trabalhar por uma causa muito maior.

Mara Gabrili em seu blog pessoal

Atualmente, Mara Gabrilli é senadora pelo PSDB/SP, após ter conquistado mais de 6,5 milhões de votos nas eleições de 2018. Seu mandato se encerra em 2026.

Marcos Mion

marcos mion

É bastante comum associar Marcos Mion a programas como  “Piores Clipes do Mundo” e “Legendários”, quando na verdade sua atuação vai muito além da carreira de apresentador! Hoje, ele é considerado referência na luta pelos direitos das pessoas que se enquadram no espectro autista, tendo inclusive colaborado ativamente para a promulgação da lei 13.977/20, também conhecida como lei Romeo Mion, que oferece, entre outras coisas, uma carteira gratuita que garante atendimento prioritário em postos de saúde, escolas e hospitais. 

“Esse é um legado decretado e assinado! Pra sempre. É uma emoção MUITO forte conseguir emplacar uma lei que beneficia milhões de pessoas que nunca nem vou conhecer. Tudo motivado pelo amor, pelo respeito e pela empatia!

Marcos Mion, em seu perfil no Instagram

A militância de Mion começou em 2005, quando nasceu seu filho Romeo, que se enquadra no espectro – e sim, a lei 13.977/20 foi nomeada em sua homenagem! A partir daí, o apresentador dedicou parte considerável de sua vida em ações e campanhas em prol de medidas que tornem o Brasil mais preparado para receber pessoas que possuem Autismo! 

Maria da Penha

maria da penha

Maria da Penha tinha 38 anos e três filhas quando tomou um tiro de espingarda e ficou paraplégica – história que já seria trágica o suficiente se o atirador em questão não fosse exatamente a pessoa que jurou amá-la e protegê-la até que a morte os separasse – seu então marido, o professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, que simulou um assalto numa tentativa de se livrar da responsabilidade pelo tiro. Como desgraça pouca é bobagem, assim que Maria voltou para casa do hospital sofreu um novo ataque do marido, que tentou eletrocutá-la no chuveiro.

Quando os investigadores constataram a culpa de Viveros, Maria conseguiu sair de casa com as meninas contando com proteção policial, mas se passariam 19  anos até que ela conseguisse colocar seu agressor na cadeia, já que nos anos 80 ainda não havia no Brasil punições previstas na lei para casos de violência doméstica. Viveros foi condenado em 2002, dois meses antes de seu crime ser prescrito na justiça, e solto em 2004. Dois anos mais tarde nasceu a lei Maria da Penha, que  reconhece a gravidade dos casos de violência doméstica e retira dos juizados especiais criminais – responsáveis por analisar delitos considerados de menor potencial ofensivo – a autoridade para julgá-los.

Hoje, Maria da Penha tem 75 anos e lidera a ONG que leva seu nome, dedicada a combater a violência contra a mulher. Em 2016, foi cogitada para receber o prêmio Nobel da Paz, além de ter sido incluída na lista “10 pessoas que mudaram as vidas de outras mulheres no mundo” desenvolvida pela ONU Mulheres. 

Bruno Mahfuz

Bruno Mahfuz

Bruno Mahfuz é nascido em 1984, formado em administração de empresas e cadeirante desde os 17 anos, quando sofreu um acidente de carro. Desde então, coleciona diversas experiências pela falta de acessibilidade.

A vivência na cadeira de rodas o fez perceber que uma “Experiência Acessível” não se restringe ao cumprimento das normas, mas sim a um conjunto de práticas que envolve infraestrutura, atendimento e, principalmente, a conscientização da sociedade sobre a importância do tema. Assim, Bruno fundou o Guiaderodas, uma empresa de acessibilidade que informa, conscientiza e certifica espaços para propiciar uma vida mais autônoma e inclusiva para todos.

“Uma simples ida a padaria pode ser frustrante ao se deparar com um lance de escadas na entrada”

Em 2016 lançou o aplicativo Guiaderodas, uma ferramenta gratuita e colaborativa, para consultar e avaliar a acessibilidade dos locais. Como cadeirante, sua motivação para criar a plataforma foi poupar frustrações advindas da falta de informação sobre a acessibilidade.

Rodrigo Mendes

rodrigo mendes

Taí outro nome que você decerto já ouviu falar se acompanha nossas postagens: Rodrigo Mendes é uma das maiores autoridades em educação inclusiva no Brasil, e há mais de um quarto de século lidera projetos pedagógicos que, juntos, já capacitaram mais de 9 mil educadores em todo território nacional.
Tudo começou lá em 1994, ano de nascimento do Instituto Rodrigo Mendes, na época uma escola de artes para pessoas com deficiência que, em ateliês compostos por até 15 pessoas, tinha como foco usar as artes visuais como um fator de promoção de transformação social.

O sucesso da proposta foi tamanho que poucos anos mais tarde, em 2005, Rodrigo foi procurado por alguns professores interessados em serem treinados para atenderem melhor às necessidades de seus alunos com deficiência: surgiram, assim, os primeiros cursos de capacitação do Instituto, realizados em três escolas públicas da região do Butantã.

Desde então, os cursos de capacitação do Instituto Rodrigo Mendes já beneficiaram mais de 100 mil alunos nas redes pública e privada! Além disso, em 2018 o Instituto lançou, em parceria com a Unicef, um curso online gratuito de capacitação em educação física inclusiva, ou seja, agora professores de todo Brasil podem se informar e inserir o ensino inclusivo em suas rotinas pedagógicas!

Alexandre Amorim

alexandre amorin

Raul Seixas já  dizia que um sonho sonhado junto se torna realidade, e foi graças ao sonho compartilhado pelos colegas de faculdade Alexandre Amorim, Diego Hideo Tutumi e Luiz Hamilton Ribas que em 2010 nasceu a Ação Social para a Igualdade das Diferenças (ASID), projeto que tem os objetivos de unir pessoas com deficiência, suas famílias, instituições, empresas e voluntários para construir uma sociedade inclusiva.

A ideia surgiu em decorrência das dificuldades encontradas pela família de Alexandre para encontrar uma escola que atendesse às necessidades de sua irmã Laura, que nasceu com Síndrome de Down e se enquadra no espectro autista. A busca por uma escola para Laura acabou colocando Alexandre em contato com outras famílias que passavam por situações similares. Assim, em 2008 ele desenvolveu um projeto acadêmico visando ajudar essa parcela da população!

Hoje a ASID se articula em três frentes interligadas: Empoderamento das famílias, Desenvolvimento da Pessoa com Deficiência e Inclusão no Mercado de Trabalho, e seus projetos já impactaram mais de 20 mil famílias só no estado de São Paulo.

Carolina Ignarra

carolina ignarra

“Precisamos de pontes, e não de muros”. Essa frase, de autoria do pensador Zygmund Bauman, descreve com precisão a missão de Carolina Ignarra, fundadora da Talento Incluir, consultoria especializada em promover a relação entre profissionais portadores de deficiência no mercado de trabalho: em pouco mais de 12 anos de atuação, a Talento Incluir levou a cultura de inclusão a mais de 300 empresas por meio de treinamentos feitos sob medida, e recolocou mais de 7 mil pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Só em 2019, a consultoria aumentou em 30% as contratações de pessoas com deficiência no mercado de trabalho em comparação com 2018.

Esses números não passaram despercebidos – em março deste ano, Carolina foi eleita uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil pela Revista Forbes:

Um reconhecimento dessa importância não se trata apenas de um destaque pessoal. É um reflexo da seriedade e comprometimento do trabalho de uma equipe que acredita que a diversidade nas empresas não é um projeto assistencialista. Ela traz resultados

Carolina Ignarra, em entrevista concedida à Forbes

Silvana Cambiaghi

silvana cambiaghi

O currículo de Silvana Cambiaghi por si só renderia um post à parte: arquiteta, mestre em acessibilidade e desenho universal pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade de São Paulo (CPA), membro do grupo de trabalho da revisão da NBR no 9050 e demais Normas Técnicas de acessibilidade da ABNT.

Como se não bastasse tudo isso, Silvana ainda trabalha há mais de 25 anos na Prefeitura de São Paulo e ministra aulas em cursos de extensão na área de arquitetura, tendo sempre como objetivo preparar engenheiros civis e arquitetos para desenvolverem projetos pensados para acolher as necessidades de pessoas que possuam qualquer dificuldade de locomoção!

Simone Freire

simone freire

Você já parou pra pensar como uma pessoa com deficiência visual acessa a internet? E uma pessoa com tetraplegia? Pois bem, trabalhar formas para tornar o universo virtual acessível é a missão de Simone Freire, fundadora do Movimento Web Para Todos, que desde 2017 tem lutado por construir espaços virtuais mais democráticos e inclusivos.

A ideia que baseou o surgimento do Web Para Todos começou em 2016 quando Simone, jornalista com

mais de uma década de experiência à frente de sua própria agência, foi selecionada pela Goldman Sachs Foundation para entrar no programa 10.000 Women, que prestigia e dá insumos para empoderar mulheres que fazem trabalhos focados em transformação social.

Após passar por um curso de formação de seis meses no qual precisaria desenvolver um projeto relacionado ao seu campo de trabalho, o Movimento começou a tomar forma.

De lá para cá, o Movimento Web Para Todos já reúne mais de 20 organizações parceiras unidas na proposta de tornar a internet brasileira acessível!

Incrível, né?

E você? Conhece uma pessoa que faz a diferença na sua rua, no seu bairro ou mesmo nas redes sociais?

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Renata Schmidt

Renata Schmidt 
Relações Públicas e jornalista. Acredita que todo mundo tem uma história que vale a pena ser contada.

5 respostas

  1. Uma pessoa que vem desenvolvendo um trabalho transformador para pessoas com deficiência da surdez é a Paula Pfifer do @cronicasdasurdez. Uma matéria com ela caberia muito aqui!

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